Após dias de chuvas intensas, um deslizamento de terra atingiu uma vila nas Montanhas Marrah, no oeste do Sudão, no domingo (31), deixando mais de mil mortos. O desastre é considerado uma das maiores tragédias naturais da região.
A informação foi divulgada na segunda-feira (1º) pelo Movimento/Exército de Libertação do Sudão, liderado por Abdelwahid Mohamed Nour, que relatou que apenas uma pessoa sobreviveu à tragédia.
A avalanche destruiu por completo a aldeia e atingiu uma área reconhecida pela produção de frutas cítricas, ampliando os impactos econômicos e sociais na região. Diante da tragédia, o grupo solicitou apoio da ONU e de outras entidades internacionais para ajudar na recuperação dos corpos.
O Sudão vive há três anos um conflito armado entre o Exército nacional e as Forças de Apoio Rápido (FAR), milícia paramilitar, o que agravou ainda mais a crise humanitária no país, especialmente na região de Darfur, onde a fome se intensificou.
Sudão vive sofrimento em “muitos sentidos” (Foto: Reprodução/Getty images/AFP)
Desastre natural agrava crise em Darfur
Boa parte de Darfur, incluindo as Montanhas Marrah, está praticamente isolada para a ONU e organizações humanitárias, em razão das intensas restrições e dos embates entre as forças armadas do Sudão e a RSF.
O Movimento/Exército de Libertação do Sudão, com base nas Montanhas Marrah, atua em Darfur e Kordofan, mas permanece fora dos combates da guerra civil.
As Montanhas Marrah, cordilheira vulcânica de difícil acesso, se estendem por 160 km ao sudoeste de El-Fasher e abrigam famílias deslocadas pela violência na região.
Fome avança onde a ajuda não chega
A fome se agrava em Darfur, onde o acesso de organizações humanitárias é severamente limitado por confrontos armados e restrições impostas pelas forças em disputa.
O conflito civil que começou em abril de 2023, motivado pela rivalidade entre o general Abdel Fatah al Burhan e Mohamed Hamdan Daglo, comandante das Forças de Apoio Rápido (FAR), agravou a situação no Sudão, mergulhando o país em uma crise marcada por níveis alarmantes de fome.
Embora o Exército tenha retomado o controle do centro do país, as FAR permanecem dominando grande parte de Darfur e áreas do sul de Kordofan, dificultando a chegada de alimentos e assistência à população vulnerável.
