Mais de mil mortos após deslizamento de terra no oeste do Sudão

Deslizamento no Sudão mata quase toda a aldeia; Movimento de Libertação pede apoio da ONU para recuperar corpos, restando apenas um sobrevivente

02 set, 2025
Desastre ambiental no Sudão | Reprodução/Getty images/Mahamet Ramdane
Desastre ambiental no Sudão | Reprodução/Getty images/Mahamet Ramdane

Após dias de chuvas intensas, um deslizamento de terra atingiu uma vila nas Montanhas Marrah, no oeste do Sudão, no domingo (31), deixando mais de mil mortos. O desastre é considerado uma das maiores tragédias naturais da região.

A informação foi divulgada na segunda-feira (1º) pelo Movimento/Exército de Libertação do Sudão, liderado por Abdelwahid Mohamed Nour, que relatou que apenas uma pessoa sobreviveu à tragédia.

A avalanche destruiu por completo a aldeia e atingiu uma área reconhecida pela produção de frutas cítricas, ampliando os impactos econômicos e sociais na região. Diante da tragédia, o grupo solicitou apoio da ONU e de outras entidades internacionais para ajudar na recuperação dos corpos.

O Sudão vive há três anos um conflito armado entre o Exército nacional e as Forças de Apoio Rápido (FAR), milícia paramilitar, o que agravou ainda mais a crise humanitária no país, especialmente na região de Darfur, onde a fome se intensificou.


Sudão vive sofrimento em “muitos sentidos”

 

Sudão vive sofrimento em “muitos sentidos” (Foto: Reprodução/Getty images/AFP)

Desastre natural agrava crise em Darfur

Boa parte de Darfur, incluindo as Montanhas Marrah, está praticamente isolada para a ONU e organizações humanitárias, em razão das intensas restrições e dos embates entre as forças armadas do Sudão e a RSF.

O Movimento/Exército de Libertação do Sudão, com base nas Montanhas Marrah, atua em Darfur e Kordofan, mas permanece fora dos combates da guerra civil.

As Montanhas Marrah, cordilheira vulcânica de difícil acesso, se estendem por 160 km ao sudoeste de El-Fasher e abrigam famílias deslocadas pela violência na região.

Fome avança onde a ajuda não chega

A fome se agrava em Darfur, onde o acesso de organizações humanitárias é severamente limitado por confrontos armados e restrições impostas pelas forças em disputa.

O conflito civil que começou em abril de 2023, motivado pela rivalidade entre o general Abdel Fatah al Burhan e Mohamed Hamdan Daglo, comandante das Forças de Apoio Rápido (FAR), agravou a situação no Sudão, mergulhando o país em uma crise marcada por níveis alarmantes de fome.

Embora o Exército tenha retomado o controle do centro do país, as FAR permanecem dominando grande parte de Darfur e áreas do sul de Kordofan, dificultando a chegada de alimentos e assistência à população vulnerável.

 

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