Maioria rejeita anistia a envolvidos no 8 de Janeiro, aponta pesquisa Atlas/Bloomberg
Pesquisa mostra aumento na rejeição à anistia e aponta divisão sobre prisão de Bolsonaro; maioria desaprova atos, mas vê punições como exageradas

A pesquisa Atlas/Bloomberg, divulgada nesta quinta-feira (14), mostra que 51,2% dos brasileiros se opõem a uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para líderes políticos e manifestantes condenados ou investigados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. O levantamento ouviu 2.447 pessoas entre 3 e 6 de agosto, com margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
Segundo o estudo, 46,9% são favoráveis à medida e 1,9% não souberam responder. O índice de rejeição subiu 0,8 ponto percentual em relação à pesquisa de março deste ano, quando 50,4% eram contra. Já o apoio recuou levemente, de 47,8% para 46,9%.
A proposta de anistia, que incluiria tanto participantes da invasão quanto autoridades acusadas de planejar a tentativa de golpe, não avança no Congresso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que alguns deputados demonstram resistência, principalmente em razão de suspeitas de que parte dos envolvidos teria planejado ataques contra autoridades.
Ataques de 8 de janeiro em Brasília (Foto: reprodução/AFP/TON MOLINA/Getty Images Embed)
Opinião sobre Bolsonaro e o Judiciário divide eleitores
A mesma pesquisa mediu a percepção da população em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao papel do Judiciário. Sobre a possibilidade de prisão domiciliar do ex-presidente, 52,1% se disseram contrários e 47% favoráveis. A Procuradoria-Geral da República acusa Bolsonaro de tentativa de golpe de Estado, o julgamento no Supremo Tribunal Federal está previsto para setembro.
Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)
Quanto à responsabilidade pelo 8 de janeiro, metade dos entrevistados (50%) afirma que Bolsonaro não foi responsável, enquanto 48,8% acreditam que foi. Sobre sua inelegibilidade, 50,1% discordam da decisão e 49,5% concordam.
O levantamento mostra ainda que 45,4% consideram que o país vive sob uma “ditadura do Judiciário”, 43,3% discordam dessa afirmação e 11,2% dizem que não há ditadura, mas que juízes cometem abusos e extrapolam suas funções.
Reprovação aos atos e avaliação das punições
A desaprovação aos ataques de 8 de janeiro é expressiva: 83,3% dizem discordar da ação dos manifestantes, enquanto 8,4% aprovam. Mesmo assim, 51,1% consideram que as punições impostas pelo STF foram exageradas; para 35,3%, as decisões foram adequadas. Já 52,1% discordam das condenações, e 45,5% concordam.