Moraes exige que Bolsonaro explique estada na embaixada da Hungria

Reportagem do The New York Times revelou que ex-presidente passou duas noites na embaixada da Hungria apenas quatro dias depois de ter tido passaporte apreendido pela operação que investiga articulações de um golpe de Estado

26 mar, 2024

Jair Bolsonaro tem o prazo de 48 horas para explicar o motivo de ter passado duas noites na embaixada da Hungria, em Brasília. A ordem veio do ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF). A passagem do ex-presidente pela embaixada foi revelada pelo The New York Times, que teve acesso a imagens do sistema de segurança do local, na qual é possível ver Bolsonaro ao lado de dois seguranças e da equipe do embaixador. De acordo com a reportagem, Bolsonaro chegou à embaixada no dia 12 de fevereiro e permaneceu até o dia 14.

Apenas quatro dias antes, em 8 de fevereiro, o ex-presidente teve o passaporte apreendido pela Operação Tempus Veratatis, responsável por investigar a tentativa de golpe de Estado articulada após o resultado das eleições de 2022. Para evitar que ele saísse do país, Moraes, que é relator do inquérito, determinou a apreensão do passaporte.

Protegido na embaixada

Bolsonaro é alvo de diversas investigações criminais, mas ao se dirigir a uma embaixada estrangeira ele se protege de uma possível ordem de prisão, pois este é um local onde as autoridades nacionais não têm alcance legal. Caso a investigação comprove que Bolsonaro buscou asilo na embaixada de um país com o qual tem boa relação, a Procuradoria-Geral da República ou a Polícia Federal pode pedir a prisão preventiva do ex-presidente. De acordo com o Código Penal, a medida é garantia da ordem pública.


Imagens da câmera de segurança mostram Bolsonaro na embaixada da Hungria (Foto:reprodução/The New York Times)


Ao Blog da Ana Flor, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que a corporação vai apurar se Bolsonaro violou alguma lei. Segundo os investigadores, é preciso descobrir a motivação da ida à embaixada. Sem a investigação, não é possível afirmar que houve uma tentativa de fuga.

Alegação da defesa

A defesa de Bolsonaro, alegou que as noites na embaixada tinham como objetivo manter contatos com as autoridades da Hungria. O próprio ex-presidente disse que mantém boas relações com o primeiro-ministro do país Viktor Orbán, líder do país desde 2010. Durante seu mandato, Bolsonaro chegou a chamar Orbán de “irmão”. A relação dos dois vem das semelhanças políticas e ideológicas.


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Jair Bolsonaro e Viktor Orbán em Budapeste, em 2022 (Foto: reprodução/ Getty Images Embed)


“Jair Bolsonaro esteve hospedado na embaixada magiar, por algusn dias a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo, atualizando os cenários políticos das duas nações”, diz a nota publicada pelos advogados. Ainda de acordo com o comunicado, quaisquer informações que diferem das motivações repassadas pela defesa não passam de obra ficcional e fake News.

O embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, foi chamado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) para dar explicações da estada de Bolsonaro.Halmai se reuniu, nesta segunda-feira (25), com a titular da Secretaria de Europa e América do Norte, Maria Luisa Escorel.

Foto destaque: Jair Bolsonaro deve explicar estada na embaixada da Hungria logo após ter passaporte apreendido (Reprodução: Getty Images Embed)

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