Defesa de Bolsonaro diz que o ex-presidente nunca compactuou com qualquer movimento ilegal

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (PL) contoi à PF que o ex-presidente se reuniu com a cúpula das Forças Armadas para discutir detalhes de um possível golpe de Estado

21 set, 2023

Os advogados de defesa de Jair Bolsonaro (PL) emitiram um comunicado na tarde desta quinta-feira (21), alegando que o ex-presidente “nunca acatou” qualquer movimentação ilegal. Na manhã desta quinta-feira (21), o tenente-coronel Mauro Cid teria dito à Polícia Federal (PF), como parte de um acordo de delação premiada, que Bolsonaro se reuniu com as lideranças do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para discutir os detalhes de o plano golpista. para não deixar o poder. O encontro teria ocorrido enquanto Bolsonaro ainda era presidente, após a eleição do ano passado.

Os advogados Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Bettamio Tesser e Fábio Wajngarten disseram por meio de nota que o ex-presidente jamais compactuou com qualquer ato ou projeto que não tivesse respaldo em lei durante seu governo e que sempre agiu de forma correta conforme as regras da Constituição Federal. A defesa ainda argumentou que Bolsonaro nunca tomou nenhuma ação que confrontasse os limites e garantias exigidas pela Constituição e, via de efeito, o Estado de Direito. Os advogados concluíram afirmaram que vão adotar “medidas judiciais cabíveis contra toda e qualquer manifestação caluniosa, que porventura extrapolem o conteúdo de uma colaboração que corre em segredo de Justiça, e que a defesa sequer ainda teve acesso”.


Mauro Cid está preso por suspeita de falsificação de cartões de vacinas e é investigado por golpe de estado e venda de joias da Presidência. (Foto: Reprodução/Dida Sampaio/Estadão)


Impasse ente Marinha e Exército

Segundo fontes com acesso à investigação, Cid descreveu duas situações. Em uma delas, ele menciona que Bolsonaro colocou em mãos uma proposta de golpe. Em outro momento, o ex-assessor detalha um encontro com a liderança militar. A reunião discutiria a possibilidade de intervenção militar com as forças armadas. De acordo com Mauro Cid, a resposta da liderança naval seria que os militares estão prontos para agir, apenas aguardando sua ordem. O comando do exército não aceitou o plano. Essa declaração de conspiração e proposta golpista é um dos pontos analisados ​​no acordo de delação premiada que Mauro Cid celebrou com a Polícia Federal.

O tema é tratado com cuidado e confidencialidade. Para que os fatos sejam confirmados e as pessoas citadas pelo tenente-coronel sejam finalmente responsabilizadas, é preciso que haja provas que corroborem as informações prestadas pelo ex-assessor de Jair Bolsonaro. Em nota, a defesa de Mauro Cid menciona as matérias da mídia sobre “possíveis reuniões com a cúpula militar para avaliar golpe no país” e afirma que “não tem os referidos depoimentos, que são sigilosos, e por essa mesma razão não confirma seu conteúdo”.

Comunicado da Marinha

A Marinha do Brasil divulgou uma nota à imprensa esclarecendo que “não teve acesso ao conteúdo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid” e “não se manifesta sobre processos investigatórios em curso no âmbito do Poder Judiciário”. No comunicado, a Marinha afirmou novamente que “pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência”. E ressalta que está a disposição da justiça para contribuir com as investigações e que eventuais atos e opiniões individuais não representam o posicionamento oficial da Força.

 

Foto Destaque: O ex-presidente Jair Bolsonaro. Reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil

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