Trump quer blindar os céus dos EUA, mas agora sem Musk

Crise entre bilionários acelera plano de defesa orbital “Domo de Ouro”; governo buscando alternativas à SpaceX

23 jul, 2025
Donald Trump em foto na casa branca | Reprodução/X/@metropoles

A aliança entre dois dos homens mais poderosos dos Estados Unidos parece ter chegado ao fim, e os efeitos já reverberam nas estrelas. Após o rompimento público entre Donald Trump e Elon Musk, o governo norte-americano iniciou uma reconfiguração urgente no projeto do “Domo de Ouro”, sistema espacial de defesa antimísseis que tem na SpaceX um de seus pilares.

Agora, o Pentágono corre para diversificar os fornecedores do programa, temendo os riscos da centralização tecnológica e dependência política. A palavra de ordem nos bastidores é clara: reduzir o protagonismo de Musk no escudo orbital que pretende proteger os EUA de ameaças balísticas e cibernéticas do futuro.

Da parceria à ruptura

O relacionamento entre Trump e Musk, antes marcado por trocas de elogios públicos e apoio mútuo, azedou após divergências sobre controle estatal, contratos com o governo e posicionamentos pessoais nas redes sociais. O estopim veio com uma série de declarações hostis entre ambos em junho, o que levou a equipe do presidente a reavaliar contratos estratégicos ligados à SpaceX.



Elon musk e Trump em seu último encontro (Foto: reprodução/x/@muskelon3312)


O Domo de Ouro e sua ambição colossal

O “Golden Dome” é descrito como a mais ousada proposta de defesa militar espacial da história americana. Trata-se de uma constelação de satélites e sistemas de interceptação capazes de detectar, rastrear e neutralizar mísseis hipersônicos, drones e ataques cibernéticos em tempo real, a partir do espaço.

O projeto, estimado em mais de US$ 175 bilhões, pretende posicionar os EUA como líder absoluto na chamada “guerra orbital”. No entanto, depender quase exclusivamente da infraestrutura da SpaceX, como os milhares de satélites Starlink e a capacidade de lançamento dos foguetes Falcon, tornou-se um risco geopolítico.

Buscando novos nomes no espaço

A partir de julho, o Departamento de Defesa passou a conversar com novos players do setor aeroespacial. Entre os nomes considerados estão:

Projeto Kuiper (Amazon): em desenvolvimento, com cerca de 80 satélites em órbita e foco inicial em conectividade;

Lockheed Martin, Northrop Grumman e L3Harris: veteranas da indústria de defesa, com histórico de contratos militares;

Startups espaciais como Rocket Lab e Stoke Space: ágeis, inovadoras e dispostas a entregar soluções sob medida.

O plano é construir redundância estratégica e limitar o poder de veto de qualquer fornecedor sobre o sistema como um todo.

E Musk, como reagiu?

Fiel ao seu estilo, Elon Musk usou o X (antigo Twitter) para minimizar a mudança. “A SpaceX nunca quis liderar programas de defesa orbital. Nosso foco é Marte”, escreveu, sugerindo que o distanciamento foi mútuo.

Nos bastidores, porém, fontes indicam que a empresa continua em posição privilegiada para lançamentos e manutenção orbital, pelo menos enquanto nenhum concorrente igualar sua eficiência.

O que está em jogo

Muito além da rivalidade de bilionários, o caso expõe uma questão-chave do século XXI: quem vai dominar o espaço e com que finalidade?

O Golden Dome não é apenas uma muralha invisível sobre os EUA. É um sinal de que a militarização do espaço está em curso, com novas regras, riscos e disputas de poder.

Ao reconfigurar seus contratos, Trump envia dois recados: um para Musk, de que ninguém é insubstituível, e outro para o mundo, de que os EUA pretendem manter seu domínio, mesmo fora da Terra.

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