Startup transforma fungo em ingrediente alimentar e atrai investimento europeu

Foodtech brasileira usa fungos na produção de alimentos, recebe €350 mil de aporte e já planeja expansão global

24 set, 2025
CEOs da Typcal | Reprodução/Typcal
CEOs da Typcal | Reprodução/Typcal

Uma jovem foodtech brasileira começa a chamar atenção no cenário internacional ao transformar fungos em base para alimentos sustentáveis e nutritivos. A Typcal recebeu um aporte de 350 mil euros de uma aceleradora belga e já traça o próximo passo: abrir capital em uma rodada de Série A para escalar sua produção global.

Da cerveja para a mesa

O segredo da inovação está na fermentação do micélio, parte subterrânea dos fungos. Alimentado com resíduos da indústria cervejeira, o processo gera um gel neutro em sabor e rico em proteínas e fibras. Esse ingrediente pode ser usado em pães, sorvetes, bebidas, massas e até rações.


Informações sobre os alimentos que a Typcal produz (Foto: reprodução/Typcal)

A tecnologia é vista como uma alternativa às proteínas vegetais tradicionais, pois não carrega o gosto residual comum à soja ou à ervilha. Além disso, o tempo de produção é muito mais curto: apenas 24 horas de fermentação, contra dois a três dias de outros métodos disponíveis no mercado.

Expansão planejada

Com o novo investimento, a foodtech vai instalar uma subsidiária na Bélgica, aproveitando o ambiente favorável à biotecnologia europeu. No Brasil, os planos envolvem a construção de uma fábrica em Curitiba ainda em 2025, com capacidade de até cinco toneladas por mês e expectativa de faturamento inicial de R$ 5 milhões.

A meta é preparar o terreno para uma rodada Série A em 2026, que permitirá levar o produto a mercados estratégicos da América Latina, Estados Unidos e Europa.

Apesar do entusiasmo, a startup reconhece que enfrenta dois obstáculos centrais: educação do mercado, já que muitos consumidores e indústrias ainda desconhecem o potencial do micélio; e falta de infraestrutura local, pois equipamentos de fermentação de alta tecnologia são mais comuns na Europa do que na América Latina.

Ainda assim, a busca global por ingredientes sustentáveis e funcionais abre espaço para que soluções como essa conquistem nichos de alto valor agregado.

O futuro do micélio

Ao apostar em fermentação acelerada e uso inteligente de resíduos, a foodtech se posiciona como parte da nova geração de empresas que redefinem a relação entre biotecnologia e alimentação. Se conseguir superar barreiras regulatórias e educacionais, pode se tornar referência em uma indústria que busca cada vez mais unir saúde, eficiência e sustentabilidade.

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