Acordo entre EUA e China avança com foco em terras raras e tarifas
EUA e China avançam em acordo que prevê uma pausa nas tarifas e nas restrições de exportação de terras raras, reduzindo tensões comerciais no mundo
Em meio a tensões comerciais persistentes entre as duas maiores economias do mundo, uma luz de entendimento parece surgir. Os Estados Unidos e a China anunciaram que chegaram a um acordo de entendimento que prevê uma pausa nas tarifas dos EUA e no controle de exportação chinês de minerais estrategicamente vitais e as chamadas terras raras.
Principais pontos do acordo
Os Estados Unidos teriam suspendido a ameaça de aplicar tarifas de até 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro, conforme anunciado pelo governo americano. A medida representa um avanço significativo nas negociações entre as duas maiores economias do mundo e busca reduzir as tensões comerciais que vinham se intensificando nos últimos meses.
Em contrapartida, a China concordou em adiar por até um ano o regime de licenciamento que visava restringir a exportação de minerais de terras raras e ímãs magnéticos, insumos essenciais para indústrias de alta tecnologia e defesa. A decisão foi vista como um gesto de cooperação estratégica e uma tentativa de estabilizar o mercado global desses materiais.
Ambos os lados afirmam ter alcançado um “consenso preliminar” e agora aguardam aprovação interna antes de um encontro de alto nível entre o presidente americano Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping, que deverá formalizar o entendimento.
Além disso, outros temas surgiram paralelamente ao acordo, como a retomada de compras chinesas de soja dos Estados Unidos, reajustes em tarifas portuárias e a ampliação do acesso americano a minerais chineses. Esses pontos complementares indicam que as negociações vão além das terras raras, abrangendo também setores estratégicos para o comércio bilateral.
Importância estratégica
As terras raras são elementos fundamentais para diversas tecnologias, desde veículos elétricos ao setor de defesa. A China detém mais de 90% do refino global desses materiais.
Acordo entre EUA e China (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)
Para os EUA, que buscam reduzir a dependência chinesa e fortalecer cadeias de suprimentos domésticas, esse acordo representa uma transição importante. Já para a China, esse movimento permite gerir as tensões comerciais de forma mais controlada, sem sofrer retaliações imediatas que pudessem afetar a economia ou sua posição estratégica.
O que muda e o que permanece incerto
Entre as mudanças positivas trazidas pelo acordo, destaca-se a redução imediata do risco de choques comerciais. Para as empresas americanas, a suspensão da ameaça de tarifas extremas a curto prazo representa um alívio significativo, já que diminui a incerteza sobre custos e facilita o planejamento de produção e exportação.
As indústrias que dependem de terras raras também se beneficiam com a perspectiva de maior estabilidade na oferta global desses insumos, essenciais para setores como tecnologia, energia e defesa. Além disso, no campo diplomático, o entendimento entre Washington e Pequim contribui para reduzir o risco de uma escalada imediata nas tensões entre as duas principais potências econômicas do planeta.
Por outro lado, persistem importantes incertezas e riscos. O acordo ainda não está concluído, pois depende da reunião entre o presidente americano Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping, além da aprovação interna em ambos os países. A China, por sua vez, mantém postura cautelosa e evita divulgar detalhes do entendimento, o que indica que novos ajustes ou condições podem surgir ao longo das negociações.
Mesmo com a pausa tarifária, as diferenças estruturais nas relações comerciais entre EUA e China, como o déficit comercial, a transferência de tecnologia e as questões de segurança nacional, seguem sem solução imediata. Há também o risco de retrocesso, caso alguma das partes entenda que a outra não está cumprindo os compromissos assumidos, especialmente no sensível setor de minerais estratégicos.
Consequências para o Brasil e para o mundo
Para o Brasil e outros países exportadores, a desaceleração desse foco de tensão entre EUA e China pode significar uma redução das incertezas no comércio global. Por exemplo, se a China retomar compras de soja dos EUA, outros fornecedores como o Brasil podem perder espaço momentaneamente.
No âmbito global, uma relação comercial mais estabilizada entre EUA e China favorece cadeias de suprimento mais previsíveis, especialmente para setores de alta tecnologia.
O que observar nos próximos dias
A data e o local da reunião entre Donald Trump e Xi Jinping serão determinantes para o rumo das negociações. O encontro deve selar a assinatura formal do acordo e definir os próximos passos da cooperação comercial entre Estados Unidos e China, marcando um momento decisivo nas relações entre as duas potências.
Outro ponto que desperta atenção são os detalhes técnicos do regime de terras raras. Ainda não há clareza sobre quais minerais serão incluídos, quais tipos de licenças estarão em vigor e qual será o cronograma de liberação ou de pausa nas restrições. Essas definições serão cruciais para avaliar o real impacto do acordo sobre o mercado global desses recursos estratégicos.
Também permanece em aberto a extensão do pacto, pois ainda não se sabe se a pausa tarifária será apenas temporária ou se o entendimento poderá servir como base para uma relação comercial mais estável e duradoura entre os dois países.
Enquanto isso, o mercado já reage às expectativas. As ações de empresas ligadas aos setores de mineração, tecnologia e commodities agrícolas americanas registraram oscilações após o anúncio preliminar. Mineradoras especializadas em terras raras, por exemplo, apresentaram queda nos preços de suas ações, reflexo da percepção de que uma maior oferta futura e a redução do risco de escassez podem pressionar seus lucros.
