Os brechós, antes vistos com certo desdém por classes com maior poder aquisitivo, pela crença equivocada de que seriam roupas de pior qualidade, e pelo preconceito com o fato das peças já terem pertencido a outra pessoa, recentemente passaram a receber outros olhares, e surpreendentemente se tornaram um dos principais locais de compra entre os jovens.
Por terem menor poder aquisitivo que um adulto, os jovens migraram para os brechós. Nas palavras da cantora Lorde, “Adoro fazer compras de brechó. Você pode conseguir dez coisas porque tudo custa, tipo, três dólares.”
Muitos chegaram até mesmo a criar algumas lojas por si só, utilizando plataformas online, como o Enjoei ou até mesmo o Instagram. Vender suas roupas não mais usadas tornou-se uma forma comum de se conseguir um dinheirinho extra no fim do mês.
Brechó. (Foto:Reprodução: Getty Images)
Outro aspecto que colabora com a ascensão da venda de roupas de segunda mão é a característica cíclica da moda. Estudos mostram que as tendências seguem um ciclo de 20 anos. Por exemplo, no momento estamos vivendo a alta do estilo Y2K (Year Two Thousand, ou ano dois mil, em tradução livre), que nada mais é, como o nome deixa claro, uma releitura das tendências popularizadas na época. Ou seja, se algo saiu de moda, a chance de em alguns anos retornar com tudo é muito alta. “Fazer compras num brechó é apenas uma extensão de eu ser o mesmo garoto, e entrar em um lugar que não é convencional, que tem possibilidades realmente infinitas em termos de roupas que você pode montar e realmente apenas se expressar.” Já disse o rapper Macklemore sobre o assunto, sendo um dos defensores da reutilização de roupas e tendo até mesmo uma música sobre.
O crescimento desse mercado também tem conexão com a crescente preocupação com o meio ambiente. Cada vez mais os consumidores tomam conhecimento do seu papel nas questões de consumismo e desperdício, optando por “reciclarem” suas peças, customizando-as, revendendo-as ou doando-as, ao invés de simplesmente as descartarem. Tais atos são acessíveis para muitos e, se feitos em grande escala, podem tocar no freio da grande máquina de produção e desperdício das empresas.
Foto destaque: Brechó. Reprodução/Getty Images