A grife Mugler, sob o comando do diretor criativo Casey Cadwallader desde 2018, voltou aos holofotes com uma coleção impactante apresentada na manhã desta quinta-feira (26), na Semana de Moda de Paris. Com uma estética que celebra o passado e olha para o futuro, a coleção de verão 2025 marca o aniversário de 50 anos da casa, trazendo uma fusão de sci-fi e natureza, elementos que marcaram a era de Thierry Mugler, fundador da marca.
A sensualidade dark
Desde que assumiu a direção criativa da Mugler, Cadwallader fez da sensualidade e das transparências estratégicas as marcas registradas de suas criações. Suas coleções trouxeram a intersecção entre moda e cultura pop, além de uma forte representatividade LGBTQIAP+. Supermodelos como Irina Shayk e Paloma Elsesser, assim como figuras icônicas da comunidade, como Dominique Jackson e a cantora venezuelana Arca, tornaram-se presenças indispensáveis em suas passarelas.
Contudo, nesta coleção especial de 50 anos, Cadwallader adotou uma abordagem mais “séria” e polida. As peças surgiram com menos transparências, mas com drapeados e recortes mais concisos, apostando em uma estética surrealista, remetendo a filmes distópicos como Star Wars e Jogos Vorazes. As silhuetas exageradas e os detalhes elaborados destacaram-se, com ombros pontiagudos e tecidos bordados que pareciam saídos de uma visão do futuro.
O surrealismo militar e a ausência de diversidade
A coleção também apresentou referências militares e uma dose de surrealismo que lembrava os trabalhos icônicos de Thierry Mugler. Modelos desfilaram em blazers com golas curvas e vestidos congelados no tempo, além de uniformes com recortes estruturais prontos para o “campo de batalha”. Entre os destaques, Look 20 deixou o público boquiaberto com um casaco de plástico à la Mugler, que se destacou pela inovação.
Close-ups de peças com detalhes marcantes, como o casaco de plástico do Look 20, os uniformes militares com recortes estruturais, e os trajes futuristas com painéis contrastantes (Foto: reprodução/Thierry Chesnot/Estrop/Getty Images Embed)
O desfile, que contou com presenças de celebridades como Cardi B, Normani e Anitta, foi um espetáculo apocalíptico e sombrio. Cadwallader revisitou os clássicos de Mugler, trazendo uma visão futurista em uma paleta de looks que deixaram a plateia em êxtase.
Entretanto, apesar da beleza e da precisão das peças, a ausência da habitual diversidade de corpos e personalidades queers, que Cadwallader frequentemente trazia para os holofotes, foi notada e gerou questionamentos. Para uma marca que se destacou por abraçar a comunidade LGBTQIAP+, a falta dessa representatividade na passarela e na fila A do desfile provocou reflexão.
Foto destaque: modelo desfila na passarela durante o desfile de moda Primavera/Verão 2025 da Mugler, como parte da Semana de Moda de Paris, 2024. (Reprodução/Victor VIRGILE/Getty Images Embed)