A marca de moda de luxo, Chanel, ganhou, na última terça-feira (06), um processo judicial contra o brechó norte-americano What Goes Around Comes Around (WGACA). Considerado um dos maiores brechós dos Estados Unidos, a loja perdeu o processo que teve início em 2018 e terá que pagar em torno de R$20 milhões de reais em danos à Chanel.
A marca de second hand se intitulava como "um dos maiores acervos de bolsas da Maison Chanel" foi acusada de revender produtos falsificados e de compartilhar informações mentirosas sobre afiliação à casa de luxo por meio de publicidade e produções de marketing.
Entenda o processo
Para quem não se lembra, o processo começou no dia 08 de janeiro de 2018 após Chanel afirmar que o brechó WGACA estava anunciando em propagandas falsas a filiação da grife francesa com a loja americana, como se houvesse ligação comercial entre as marcas.
Brechó norte americano perde processo para Chanel (foto:reprodução/Menofthrift)
Na época, a equipe jurídica da Chanel, revelou que o brechó havia faturado mais de US$ 90 milhões em produtos usados da marca entre 2016 e 2022. Além disso, no mesmo ano, a grife francesa acusou o brechó em vender produtos falsificados com números de série roubados, que a marca já havia anulado.
Durante o processo, foi descoberto ainda que a WGACA estava vendendo bolsas falsificadas com detalhes que não correspondiam às peças autênticas e com números de série legítimos.
O destino dos brechós de luxo
Após 6 anos de processo e com a vitória da marca de luxo, uma nova discussão surgiu nas redes sociais sobre o destino das "seconds hands" de luxo e sobre a autenticidade das peças vendidas.
O site oficial da WGACA já modificou suas informações, aderindo a frase "não somos afiliadas a nenhuma marca de luxo" e isso abriu um questionamento antigo dos consumidores sobre a garantia da originalidade das revendas, em como confiar na peça que está sendo vendida.
Peças de marca de luxo são revendidas com poucas informações sobre autenticidade (foto:reprodução/site/WCAGA)
A fundadora do do Fashion Law Institute, Susan Scafidi, fez uma declaração ao site Fashionista sobre o assunto e refletiu que “de agora em diante, outros revendedores devem ter cuidado e divulgar o seu processo de autenticação sem alegar que é algo inequivocamente autêntico”. Ou seja, para quem é revendedor desses itens de luxo usados, o ideal é tomar medidas e precauções para informar com transparência sobre a origem das peças.
O mercado de second hand no Brasil
Aqui no Brasil, o assunto traz novas reflexões sobre a compra de produtos semi novos. Os principais brechós de produtos de luxo, como Gringa, Pretty New e Etiqueta Única, ainda deixam as informações sobre verificações de autenticidade de especialistas de forma pouco aprofundada. Dessa forma, gera um obstáculo na hora de compra para o consumidor.
Para Zachary Briers, sócio do escritório de advocacia Munger, Tolles & Olson, em um artigo para a Vogue Business, a solução seria "investir mais em autenticação e conformidade interna para garantir que não está ultrapassando os limites quando se trata de materiais de marketing”, conta o advogado.
Mercado de produtos second hand de luxo ainda cresce no Brasil (foto:reprodução/site/chanel)
Além disso, segundo pesquisas, o mercado de revenda de produtos de luxo está longe de acabar. Nos últimos cinco anos, houve um crescimento significativo de brechós de luxo e e-commerces de revenda.
Foto destaque: bolsas de marcas de luxos sendo revendidos em plataforma online (Foto: reprodução/site/WGACA)