Flamengo propõe modelo de fair play financeiro à CBF

O Flamengo apresentou à CBF um conjunto de propostas para a criação do Sistema de Sustentabilidade do Futebol (SSF), modelo nacional de fair play financeiro em discussão pela entidade. O clube enviou um documento com medidas voltadas à governança e à responsabilidade fiscal e reafirmou que seguirá participando do processo de elaboração e execução do sistema.

Debate necessário

Presidente rubro-negro, Luiz Eduardo Baptista destacou que o debate é essencial para fortalecer o futebol brasileiro. Segundo ele, o desempenho dentro de campo está diretamente ligado à gestão administrativa dos clubes.

Bap elogiou a decisão da CBF de tratar do tema e afirmou que o país ficou para trás em relação a outros mercados. “Os atletas precisam se preparar, mas os dirigentes também. O fair play financeiro foi parte fundamental do avanço europeu, e é positivo que o Brasil trate o assunto com seriedade”, afirmou.

Adaptação ao cenário nacional

O dirigente defendeu que o modelo europeu sirva de inspiração, mas que seja ajustado à realidade do país. Ele lembrou que o Brasil possui características específicas, como a existência de SAFs e clubes em recuperação judicial, o que exige regras próprias.

A espinha dorsal deve ser mantida, mas é preciso considerar as particularidades brasileiras. Copiar o modelo europeu ao pé da letra não funcionaria”, ressaltou.

Entre as sugestões apresentadas pelo Flamengo estão o controle total dos custos, bloqueio de brechas contábeis, limitação de transações entre partes relacionadas e a adoção de um sistema de classificação de governança. O clube também propõe sanções esportivas rigorosas, como perda de pontos e restrição em janelas de transferências.


Bap e João Guilherme debatem sobre fair play financeiro (Vídeo: reprodução/YouTube/Flamengo TV)


Outra medida defendida é a criação de um “Teste de Proprietários e Dirigentes”, que avalie a idoneidade e a capacidade financeira dos gestores. O clube ainda sugere a proibição do uso de gramados artificiais em torneios profissionais, alegando que causam desequilíbrio de custos e impactos físicos nos atletas.

Bap citou a trajetória do próprio Flamengo como exemplo de boa gestão. Ele relembrou que, em 2012, o clube devia três vezes e meia o valor do seu faturamento, mas conseguiu se reerguer ao longo dos anos.

O Flamengo se reestruturou, corrigiu falhas e hoje possui mecanismos internos que punem a irresponsabilidade fiscal. Leva tempo, mas é possível construir um clube sustentável”, afirmou.

Fiscalização e punições

O dirigente defende que o sistema conte com mecanismos de transição e avaliações periódicas, com punições aplicadas ao longo da temporada. Para ele, a fiscalização contínua é essencial para garantir o equilíbrio da competição.

O movimento da CBF é bem-vindo, mas deve haver checagens regulares e penalidades imediatas. O campeonato do ano é importante, mas o do futebol brasileiro como produto é ainda mais”, disse.

Custo e resultado

Bap destacou que a reestruturação financeira teve um preço alto, mas foi necessária. Segundo ele, o Flamengo pagou cerca de R$ 5,8 bilhões em obrigações ao longo dos últimos anos. O presidente ressaltou que o equilíbrio entre gestão e desempenho esportivo é fundamental para o fortalecimento do futebol nacional. O Flamengo, que vive um momento de estabilidade financeira e competitividade, pretende seguir participando ativamente da construção do novo modelo e defende que a adoção do SSF seja um marco de responsabilidade e transparência para todos os clubes brasileiros.

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