SPFW: À La Garçonne abre o quarto dia da celebrando as fases do vestir

O quarto dia da São Paulo Fashion Week começou com a “À La Garçonne” mostrando que se vestir é um processo em constante transformação. A marca de Fábio Souza propôs uma reflexão sobre as fases do vestir ao longo do dia, da roupa de baixo à alfaiataria e entregou um desfile repleto de camadas de significado, como só ela sabe fazer.

O espetáculo das camadas

As primeiras criações surgiram leves e amplas, confeccionadas em tecidos naturais e levemente transparentes. Camisas, camisetas e peças de underwear apareciam à mostra, compondo um visual que, mesmo íntimo, transmitia sofisticação. À medida que os looks evoluíam, os tecidos ganhavam estrutura, revelando uma alfaiataria precisa e fluida. Fábio Souza demonstra, mais uma vez, como o simples pode se tornar extraordinário quando guiado pela intuição e pelo olhar apurado.

Mesmo com uma breve confusão na ordem da passarela, que por instantes desviou a atenção, o desfile se manteve coeso e envolvente. O underwear, antes em evidência, deu lugar a uma sensualidade mais sutil, marcada por recortes e aberturas estratégicas. Os brilhos acetinados e metálicos que fecharam o show trouxeram o tom sofisticado da noite, reafirmando a versatilidade da marca e seu domínio sobre diferentes estéticas. O desfile se transformou em um verdadeiro diálogo entre leveza e força, cotidiano e glamour.



Um ciclo de elegância

A proposta de Fábio Souza ficou evidente: representar o ciclo completo do vestir. Das primeiras horas do dia, com tecidos leves e cores neutras, até o cair da noite, com composições mais densas e glamourosas, a À La Garçonne mostra uma moda que se expressa por si só, sem exageros ou discursos. Com peças elaboradas a partir de tecidos de deadstock e construções cuidadosamente planejadas, a marca reafirma sua maturidade e autenticidade. Aqui, crescer significa aperfeiçoar o que já se faz bem e permitir que cada roupa conte sua própria história, camada por camada.

Meninos Rei transforma a passarela em terreiro de celebração e futuro

O som do adjá abriu o desfile da Meninos Rei no São Paulo Fashion Week N60 como quem chama memórias antigas para dançar. À frente da passarela, Majur recebeu o instrumento sagrado das mãos da Mestra Zélia do Prato, e nesse gesto, o tempo pareceu se curvar diante da história. A cena, carregada de simbologia e emoção, resumiu o espírito de uma apresentação que ultrapassou o campo da moda: foi rito, homenagem e reencontro com as raízes.

Com o olhar voltado para o Recôncavo Baiano, os irmãos Céu e Júnior Rocha celebraram uma década de Meninos Rei transformando o concreto da Bienal em terreiro. Cada passo soava como um tambor, cada estampa como um canto de memória. O desfile marcou não apenas os 10 anos de uma marca, mas também a consolidação de uma estética afro-baiana que se recusa a ser tendência passageira porque nasce da fé, da cultura e da permanência.

O Recôncavo em movimento

Fundada em Salvador pelos irmãos Céu e Júnior Rocha, a Meninos Rei celebra uma década reafirmando o orgulho de vestir corpos negros e plurais. O desfile, batizado de “Orí”, resgatou a potência do Recôncavo Baiano em estampas vibrantes, alfaiataria fluida e referências ao candomblé, transformando a Bienal em território de memória e pertencimento.


Coleção Meninos Rei no São Paulo Fashion Week 2026 (Vídeo: reprodução/ Instagram/ @spfw)

Estampas vibrantes e tecidos lisos dialogam com as silhuetas inspiradas nas indumentárias do candomblé, nas festas populares e na religiosidade que molda o cotidiano. A cada look, o público era convidado a atravessar oceanos simbólicos, entre a força de Iemanjá, representada por Luedji Luna, e a delicadeza das sambadeiras, que ocuparam a passarela com a dignidade de quem carrega gerações nos ombros.

O desfile também reafirmou o compromisso da marca com a representatividade. Na passarela, mulheres negras de diferentes idades e trajetórias dividiram o mesmo espaço, unidas pelo ritmo dos atabaques e pela estética afro-baiana que se tornou assinatura da Meninos Rei.

Criar, celebrar e também prosperar

Em entrevista nos bastidores, Júnior Rocha resumiu o novo momento da marca: “A moda precisa virar negócio”. A frase, dita com serenidade, traduz uma virada importante. Depois de uma década de afirmação criativa, a Meninos Rei busca também sustentabilidade financeira, sem perder a alma.


Desfile Meninos Rei (Vídeo: reprodução/ Instagram/ @meninosrei)

As peças continuam autorais, feitas com algodão e adornadas por acessórios produzidos por artesãs de Maragogipinho, o maior polo ceramista da América Latina. Tops moldados em barro, brincos em forma de moringas e bolsas que evocam o baiacu revelam a potência do feito à mão.


Momentos do desfile da Meninos Rei  (Vídeo: reprodução/ Instagram/ @meninosrei)

Entre o sagrado e o comercial, Céu e Júnior Rocha reafirmam que moda é sobre ocupar espaços que antes lhes foram negados, contar histórias que insistem em sobreviver e resistir com a beleza como forma de poder. A cada costura, a Meninos Rei borda uma narrativa coletiva de quem transforma fé em estética, território em identidade e criação em caminho.

Em tempos de pressa e descartabilidade, a marca mostra que tradição não é sinônimo de passado, mas de permanência. Suas peças traduzem o encontro entre memória e invenção, provando que a moda pode, sim, ser um gesto de futuro — um futuro possível, plural e profundamente brasileiro.

Leandro Castro emociona com “Gaiafilia” e é um dos mais aplaudidos do quarto dia da SPFW

Em um dos momentos mais marcantes do quarto dia da São Paulo Fashion Week, o estilista Leandro Castro arrebatou o público com o desfile de sua nova coleção, intitulada “Gaiafilia”. O nome que faz referência à conexão profunda e afetiva com a Terra antecipa a proposta conceitual do estilista: uma moda que é ao mesmo tempo poética, política e visceral.

Com uma passarela que evocava o ancestral, Castro traduziu em tecidos, cortes e texturas uma relação íntima entre o humano e o planeta. Tecidos naturais, tramas artesanais e silhuetas fluidas marcaram presença, em um desfile onde cada look parecia crescer da terra, como se fosse parte viva do ambiente.

Reconecção com a natureza

As cores seguiram uma paleta terrosa, com tons de barro, musgo, areia e carvão, entrecortadas por nuances vibrantes que remetem a flores e minerais. A modelagem foi marcada por formas soltas e assimetrias intencionais, refletindo a imperfeição bela da natureza. Elementos como crochê, franjas, tecidos amassados e acabamentos crus reforçaram a proposta sensorial da coleção.


Desfile Leandro Castro (Vídeo: reprodução/Instagram/@ffw)

A escolha por matérias-primas sustentáveis e processos artesanais não foi apenas uma decisão criativa, mas também um posicionamento claro sobre o papel da moda no mundo atual. A presença de modelos diversos em corpos, gêneros e idades, reforçou a ideia de que a conexão com a Terra é universal, acessível e urgente.

Moda e consciência ambiental

Outro destaque foi a trilha sonora do desfile, que misturou sons da natureza com batidas eletrônicas sutis, criando uma atmosfera imersiva e sensorial. O cenário minimalista, quase ritualístico, permitiu que cada peça brilhasse com intensidade própria, reforçando o tom de reverência à Terra-mãe. Com “Gaiafilia”, Leandro Castro não apenas vestiu corpos  ele tocou consciências, confirmando seu nome como um dos mais relevantes desta edição da SPFW.

“Gaiafilia” é mais do que um manifesto visual: é um chamado à reconexão com o essencial. E Leandro Castro conseguiu fazer isso com sensibilidade estética e apelo contemporâneo, sendo ovacionado ao final do desfile.

Matéria do portal InMagazine por Andrielly Ribas

À La Garçonne traz intimidade urbana e ousadia conceitual ao quarto dia de SPFW

Amarca À La Garçonne (@alagarconne), sob direção criativa de Fábio Souza, abriu o quarto dia da São Paulo Fashion Week, nesta quinta-feira (16), no teatro do Shopping Iguatemi (SP), com um desfile que reafirma seu DNA urbano e provocativo. Sempre conectada com os desejos mais atuais da moda global, a grife apresentou uma coleção marcada pela fusão entre intimidade e streetwear, com forte presença de referências culturais e estéticas do cotidiano contemporâneo.

O desfile começou com uma cena impactante e simbólica: um modelo surgiu na passarela apenas de cueca e camisa branca, uma exposição crua da intimidade que a marca escolheu dividir com o público. A imagem, embora ousada, dialoga diretamente com a tendência crescente do underwear como outerwear, vista nas últimas fashion weeks internacionais. Peças íntimas, lingeries e roupas de baixo ganham cada vez mais protagonismo, não apenas como detalhe, mas como peça central dos looks.

A intimidade foi para a passarela

A sensualidade da intimidade foi elevada à proposta estética central da nova coleção da À La Garçonne. Ao invés de esconder, a marca escolheu valorizar a lingerie, colocando-a em evidência na composição dos looks. Tops, cuecas, meias-calças e rendas dividem espaço com peças de sobreposição, como jaquetas oversized e camisetas desestruturadas, em uma linguagem visual que flerta com o genderless e reforça o corpo como território de expressão.


Desfile À La Garçonne (Foto: Reprodução/Instagram/@ffw)

As modelagens amplas e desconstruídas continuam sendo uma assinatura da marca, mas surgem nesta temporada com nova energia. A silhueta larga é trabalhada com transparências, sobreposições ousadas e tecidos tecnológicos, garantindo uma estética urbana e ao mesmo tempo sofisticada. O resultado são peças que equilibram conforto e personalidade, ideais para um público que busca autenticidade no vestir.

Sobre estilo

A conexão com as ruas permanece como essência da À La Garçonne. Tênis de skate, bonés, jeans lavados e grafismos remetem ao universo do streetwear, evidenciando influências do hip hop, do skate e da cultura de rua em geral. Essa fidelidade à linguagem urbana mostra a capacidade da marca de dialogar com o presente, sem perder suas raízes.

Por fim, a coleção apresenta uma paleta sóbria, dominada por preto, branco, cinza e tons terrosos, pontuada por cores vibrantes e detalhes metálicos. Esse contraste entre o básico e o ousado adiciona dinamismo e contemporaneidade aos looks, criando composições visuais que equilibram sofisticação e rebeldia, traços sempre presentes no universo criativo da grife.

Matéria escrita por Andrielly Ribas no portal InMagazine.

Marina Bitu leva pinturas modernistas à passarela da SPFW

Na última quinta-feira (16), a grife cearense Marina Bitu apresentou a coleção “Djanira” durante a São Paulo Fashion Week N60 (SPFW). A coleção homenageia a pintora modernista Djanira da Motta e Silva (1914-1979), que retratava o cotidiano e o trabalho manual das mulheres brasileiras que teciam, bordavam e costuravam. O desfile exaltou a moda artesanal com vestidos de tecidos fluidos e estampados com as trabalhos da artista.

Djanira como inspiração

Djanira foi uma das primeiras artistas brasileiras a valorizar, nas artes visuais, o trabalho das mulheres do campo, das casas e das comunidades. Suas pinturas, muitas vezes tidas como “ingênuas” pela crítica da época, são na verdade registros afetivos e políticos do Brasil da época, um país de rendeiras, costureiras, agricultoras e pescadoras.

A estilista Marina Bitu, ao lado do Instituto Pintora Djanira, responsável por preservar e difundir o legado da artista, criou uma coleção que parte diretamente de obras como: “Tecelã”, “Costureira”, “Bordadeira”, “Tecendo Rede” e “Escolhedoras de Café”; projetos da artista em que o trabalho manual feminino é exaltado como ato de criação, memória e principalmente resistência cultural. “Djanira foi uma cronista dos ritos e pintora de costumes. Seu olhar sobre o trabalho da mulher ecoa no que fazemos na Marina Bitu, onde a moda nasce das mãos de mulheres artesãs e da força do coletivo”, explica Marina, estilista da marca homônima.


Desfile Maria Bitu na SPFW N60 (Foto: reprodução/SPFW/Zé Takahashi/@agfotosite)

Desfile dividido em três atos

A coleção de Marina para a SPFW foi dividida em três núcleos criativos, ou “famílias”, cada um inspirado em uma faceta do universo retratado por Djanira. O primeiro ato, intitulado: “Ofícios” reflete a força dos traços da pintora, com paleta neutra e materiais artesanais, como palha, que já faz parte da identidade da grife, organza plissada e jacquard. Um dos destaques é o uso de escamas de peixe camurupim; descartadas pela pesca local e reaproveitadas por artesãos do litoral cearense, reafirmando o compromisso e responsabilidade da grife com a sustentabilidade do território.


Desfile Maria Bitu na SPFW N60 (Foto: reprodução/Instagram/@arlindogrund)

O segundo ato, intitulado: “Costureira” foi inspirado na obra homônima de 1951. Esta fase da coleção traduziu, por meio de tecidos como o georgette e couro de salmão, o universo sensível e detalhista do “feito à mão”. Bordados com botões de madrepérola evocam o cuidado e a precisão do trabalho manual e criam um diálogo simbólico entre Marina e Djanira, duas artistas que exaltam a força feminina. Por fim, em um tributo ao bordado cearense, o terceiro ato, intitulado “Bordadeira”, mergulha no universo das mulheres rendeiras, especialmente as que trabalham com bilro para trançar a renda. As peças trouxeram cetim de seda pura, tecidos plissados, acabamentos ondulados e fios de miçanga, compondo visuais fluidos e poéticos.


Desfile Maria Bitu na SPFW N60 (Vídeo: reprodução/Instagram/@spfw@marinabitu)

Moda como herança de resistência

A coleção “Djanira” é homenagem e também releitura contemporânea de valores que atravessam gerações, como o saber manual e a força coletiva feminina. Para Eduardo Taulois, fundador do Instituto Pintora Djanira, a coleção representa o encontro entre a arte popular e a moda autoral: “Djanira retratou o ‘fazimento’ do Brasil, colocando a cultura popular como protagonista da nossa história. Marina Bitu resgata esses saberes e cria um diálogo direto e sensível com a obra da artista.” A coleção trouxe para a passarela do evento a proposta de interligar gerações e reafirmar a moda como expressão cultural, meio de resistência e instrumento de valorização das mulheres que constroem, com as próprias mãos, a história do Brasil.

Renascimento da amarração de suéter, estilo e versatilidade

Amarrar um suéter já dizia muito sobre quem você era: preso à cintura, passava desleixo; jogado sobre os ombros, soava conservador. Hoje, o gesto saiu da sombra da praticidade e virou um truque de estilo deliberado, repetido nas passarelas e nas redes sociais, capaz de transformar qualquer peça em protagonista do look.

Marcas internacionais como Celine e The Attico vêm reinventando a técnica com amarrações inesperadas e cortes pensados para sobreposição, expandindo o repertório para jaquetas, camisas e cardigãs; variações como nós estratégicos, laços soltos ou peças cortadas para drapear mostram que a casualidade pode se tornar sofisticada, alterando silhueta e tom do conjunto.

Amarração de Suéter

A tendência conversa com o universo preppy sem ficar presa a ele; é uma celebração da versatilidade que surge tanto nas ruas quanto nas passarelas. A amarração vira detalhe que muda tudo, acento de cor, ponto de textura ou volume inesperado, e convida a brincar com camadas. Experimente misturar materiais, contrastar cores ou posicionar o nó em lugares inusitados para dar nova vida à referência clássica.


Inspirações do estilo preppy (Foto: reprodução/Instagram/@trendsforstreetstyle)

No carrossel de inspirações, prefira looks que despertem a vontade de experimentar: peças neutras que ganham vida com um suéter amarrado em contraste, jaquetas leves usadas como sobreposição e presas à frente, ou camisas abertas com o suéter por cima, preso na cintura. Mudanças simples na forma de amarrar transformam o visual e tornam o dia a dia mais prático e cheio de personalidade.

Celine e o preppy

Celine é uma casa de moda francesa conhecida por luxo minimalista e silhuetas refinadas. Nos últimos anos a marca voltou a incorporar referências préppy, uniformes escolares, tricôs com gola, blazers estruturados e loafers, preservando ao mesmo tempo, sua estética limpa e atemporal.


Ideias de como usar o estilo preppy no cotidiano (Foto: reprodução/Instagram/belleandbunty)

Misture uma peça icônica de luxo (bolsa estruturada ou blazer de alfaiataria) com itens mais acessíveis (camisa oxford, saia plissada) para alcançar a estética preppy sem exagerar no investimento. Ajuste proporções para seu corpo: preppy moderno é tanto sobre corte quanto sobre composição.


Coleção de 2026 da Celine (Foto: reprodução/Instagram/@celine)

Procure blazers e casacos de corte limpo que valorizem a silhueta com linhas retas e acabamentos discretos; invista em cardigãs e suéteres de cashmere com decote em V para camadas sofisticadas e toque macio; escolha camisas oxford bem tecidas e polos premium que tragam estrutura e durabilidade ao look; opte por loafers e flats de couro com acabamento polido para um equilíbrio entre conforto e elegância; complete com bolsas structured ou mini-cabas em couro de design minimalista que funcionem como peça-chave discreta e atemporal.

Matéria do portal InMagazine por Luisa Furlan

Catarina Mina celebra a flora brasileira na SPFW e projeta o artesanato brasileiro no mundo

A marca cearense Catarina Mina apresentou na última quinta-feira (16), durante a São Paulo Fashion Week (SPFW), uma coleção que celebra a sustentabilidade e a criação artesanal. Intitulada Carnaúba, a coleção reafirma o compromisso da marca com o artesanato local como ferramenta de transformação social e destaca um trabalho que conecta comunidades de artesãs do interior do país à maior passarela da América Latina. A estilista Celina Hissa trouxe à passarela da SPFW a palha da carnaúba em bordados manuais feitos em tecidos finos de seda, linho, cambraia de rami e algodão. Em looks com silhuetas alongadas, próximas ao corpo, mais com movimento e transparências.

Carnaúba: a palmeira que molda a identidade da coleção

A carnaúba, conhecida como a “árvore da vida” no Nordeste, ganhou protagonismo na nova coleção da Catarina Mina. Não apenas pela presença estética, mas por tudo que ela representa: sustentabilidade, tradição e renovação. A palmeira – da qual se aproveita tudo, do caule ao fruto – esteve presente no início da grife cearense, quando a estilista Celina Hissa passou a mesclar sua palha com crochê em bolsas feitas manualmente. Quinze anos depois, a carnaúba retorna, agora, como elemento central. Reinterpretada em peças mais complexas, como saias esculturais, cintos amplos e estampas aquareladas. A passarela foi dominada por tons naturais de verde, terracota e branco.


Desfile Catarina Mina SPFW N60 (Foto: reprodução/SPFW/@agfotosite)

A coleção trouxe soluções pensadas para facilitar a produção em maior escala, mas sem perder a essência artesanal. O crochê aparece pontualmente em detalhes, e os acessórios surgem em formatos mais funcionais, como bolsas tipo sacola e pochetes e mostram que o design artesanal também pode ser funcional, conectando-se com as demandas do mercado nacional e internacional de moda.

Do interior do Nordeste às passarelas

Mais do que uma nova coleção, o desfile da Catarina Mina apresentou o amadurecimento de um modelo de negócios que tem como base a valorização do saber artesanal, passado de geração em geração. O que começou com a palha e o crochê no Ceará, hoje se multiplica em várias frentes de atuação. A grife estruturou ao longo dos anos redes com comunidades artesãs em várias regiões do país, sempre aplicando metodologias que incentivam a autonomia e a formação técnica de mulheres.


Desfile Catarina Mina SPFW N60 (Foto: reprodução/SPFW/@agfotosite)

Um grande exemplo disso, é a parceria com as bordadeiras de Caicó, no Rio Grande do Norte, que trouxeram para a coleção bordados inspirados na flora da Caatinga. Elas se juntam às rendeiras de bilro, crocheteiras e artesãs da renda de Richelieu, que já fazem parte da base criativa da grife. O resultado dessa união, são peças que carregam o DNA da tradição e ao mesmo tempo se inserem com naturalidade em um guarda-roupa contemporâneo, com vestidos de linho, conjuntos de cambraia de rami e tênis usados com peças artesanais.


Desfile Catarina Mina SPFW N60 (Vídeo: reprodução/Instagram/@catarinamina)

Por fim, a visão de Celina Hissa é clara, segundo ela, o artesanal precisa ser economicamente viável. Por isso, a marca investe em adaptar técnicas tradicionais a processos de produção mais ágeis e eficientes, sem abrir mão do trabalho manual. Essa estratégia permitiu, inclusive, a primeira parceria internacional da Catarina Mina com a marca de calçados francesa Veja. O resultado dessa parceria é uma papete adornada com crochês feitos por artesãs brasileiras e montada por sapateiros da grife europeia.

Jasmine Tookes emociona ao abrir o desfile da Victoria’s Secret grávida

Jasmine Tookes fez história ao abrir oficialmente o Victoria’s Secret Fashion Show 2025, um dos momentos mais comentados da edição, desfilando com nove meses de gestação. A modelo, veterana da marca, participou de um momento simbólico e significativo ao exibir o baby bump durante o desfile, reafirmando a transformação do padrão de beleza nas semanas de moda internacionais e no mundo da lingerie.

A presença da modelo não só representa uma celebração da maternidade, mas também um indicativo das mudanças que a moda procura incorporar, especialmente em um momento em que a marca retorna de forma grandiosa ao cenário.

Um desfile que rompe expectativas

Jasmine Tookes não se apresentou apenas como uma modelo comum; ela inaugurou o desfile, convertendo o que já era glamouroso em um gesto de afirmação. Ao desfilar grávida, ela desafia normas e pressões de um mercado que, ao longo da história, tem marginalizado corpos em gestação. O conjunto selecionado, confeccionado em trama dourada, leve e fluida, destacou a forma materna sem a esconder, conferindo ao momento um caráter majestoso e protagonista.


Jasmine Tookes em abertura do Victoria's Secret 2025 (Foto: reprodução/Instagram/@victoriassecret)

Além de ser um gesto simbólico, sua entrada fortalece as mudanças almejadas por segmentos da moda: inclusão, identidade diversa e quebra de padrões rígidos de “corpo ideal”. A escolha de Tookes para abrir o show reflete uma clara aposta na representatividade, a gestação deixou de ser ignorada nos holofotes e passou a ser comemorada.

Implicações para a moda e percepção pública

O efeito de um momento como esse ultrapassa a passarela. Para o público, isso traz uma nova perspectiva: a beleza pode incluir etapas da vida que geralmente são “invisíveis” nas câmeras da alta moda. Observar uma modelo grávida no centro das atenções enfatiza que estilo, sofisticação e gestação podem coexistir com poder simbólico.


Noite de desfile da Victoria's Secret 2025 com a modelo Jasmine Tookes (Foto: reprodução/TheStewartofNY/FilmMagic Embed)

A quebra de paradigmas no mercado da moda e das marcas de lingerie permite o desenvolvimento de coleções para gestantes mais ousadas, campanhas publicitárias com maior representatividade e um diálogo mais genuíno com mulheres que estão passando por mudanças corporais. Também pressiona marcas concorrentes a reconsiderar suas opções estéticas e eliminar estereótipos limitantes.

Ao desfilar grávida e abrir o Victoria’s Secret 2025, Jasmine Tookes vai além do ato estético e se transforma em um ícone de transformação em um mundo da moda habituado à perfeição visual estática. Essa cena mostra que a maternidade pode e precisa ser incorporada à narrativa da moda sem abdicar do glamour ou da dignidade. Se o futuro do estilo tende a ser mais humano, este foi um passo significativo nessa trajetória.

Donatella Versace preside júri do Latin American Fashion Awards

Em um anúncio que ressalta a presença internacional da moda latino-americana, Donatella Versace será a presidente do júri da segunda edição do Latin American Fashion Awards, agendado para os dias 6 a 9 de novembro na República Dominicana.

A veterana italiana, ex-diretora criativa da Versace por quase três décadas e atual embaixadora-chefe do grupo, assumirá o lugar de Haider Ackermann como presidente do júri a convite da organização. Além de prestigiar o evento internacionalmente, a novidade demonstra sua ambição de fortalecer a presença da moda latino-americana no cenário global.

Composição do júri e peso simbólico

Com Versace como presidente, o júri de 2025 contará com personalidades renomadas da moda global e latino-americana, incluindo brasileiros como Vivian Sotocorno (diretora de moda da Vogue) e Oskar Metsavaht (fundador e diretor da Osklen).


Donatella Versace nova júri, e as personalidades renomadas (Foto: reprodução/Instagram/@voguebrasil/Alberto E. Rodriguez/WireImage Embed)

A seleção de nomes renomados fortalece o aspecto aspiracional e a conexão entre mercados que o evento pretende estabelecer. Ao assumir a presidência, Versace traz consigo não apenas sua própria trajetória, mas também um símbolo: o reconhecimento da criatividade latino-americana por uma personalidade emblemática da moda europeia.

Desafios e perspectivas da edição 2025

A edição de 2025 traz o tema “Hot by Heritage” (Quente pela Herança), destacando a riqueza cultural da região e sua capacidade de resistência frente às pressões globais da moda. O prêmio ganhará importância ao aumentar o reconhecimento dos criadores emergentes e também proporcionar aos vencedores mentoria e visibilidade até mesmo em eventos como a Milan Fashion Week.


Donatella Versace é anunciada como nova presidente do júri da segunda edição do Latin American Fashion Awards (Foto: reprodução/Instagram/@latinamericanfashionawards)

Versace, atuando como presidente do júri, desempenhará um papel estratégico: além de analisar propostas, deverá garantir a consistência entre os critérios de avaliação e o objetivo de incluir vozes variadas. À medida que o evento expande seu alcance, é essencial preservar sua legitimidade e credibilidade, principalmente em um contexto de intensa concorrência e diversidade de estilos.

A designação de Donatella Versace como presidente do júri na segunda edição do Latin American Fashion Awards representa uma conexão significativa entre tradição e modernidade, Europa e América Latina. Além de ser um gesto simbólico, ela pode influenciar o tom crítico da premiação e orientar os novos talentos da indústria. Se bem conduzida, a edição de 2025 tem o potencial de estabelecer o evento como um marco global para criadores latino-americanos, além de aumentar o prestígio cultural que já vinha ganhando destaque em edições passadas.

Forca nas alturas: o desfile mais ousado da SPFW N60

O desfile da Forca Studio no São Paulo Fashion Week N60 levou o público a uma experiência fora do comum. Realizado no Aeroporto Campo de Marte, o evento começou com um salto de paraquedas, simbolizando o novo momento da marca, que busca “voos mais altos” com a estreia no calendário de atacado e o lançamento de uma linha sob medida. Sob a direção criativa de Vivian Rivaben e Silvio De Marchi, a coleção “Helyx” uniu adrenalina, movimento e design urbano em uma passarela marcada pela ousadia.

Moda em movimento

Inspirada em esportes radicais e na energia das ruas paulistanas, a coleção trouxe cerca de 50 looks com cortes aerodinâmicos e atitude clubber. Couro, jacquard, chiffon e denim formaram uma mistura equilibrada entre rigidez e fluidez. As peças mostraram a força do utilitarismo, com jaquetas repletas de bolsos, calças com fechos metálicos e macacões ajustados. A cartela de cores seguiu a estética dos uniformes, indo do off-white e gelo ao verde oliva e vermelho queimado.


Desfile da Forca Studio (Vídeo: reprodução/Instagram/@ambulatoriodamoda)


A Forca Studio apresentou ainda uma collab com a criadora Cece, que trouxe uma linha de bodies de látex, reforçando o lado futurista e performático da marca. Os acessórios — como luvas volumosas e braçadeiras inspiradas em equipamentos de paraquedismo — completaram o visual esportivo e conceitual da coleção.

Presenças e atmosfera

Entre os destaques da passarela estavam as atrizes Alinne Moraes e Vitória Strada, além do cantor mexicano Christian Chávez, que trouxeram brilho e carisma ao desfile. Com trilha sonora assinada por Silenzo/Urro e beleza de Maxi Weber, o clima do evento foi de pura energia.


Desfile da Forca Studio (Vídeo: reprodução/Instagram/@spfw)


Mais do que apresentar uma coleção, a Forca Studio mostrou um manifesto sobre coragem, reinvenção e liberdade. Em um cenário simbólico, onde cada detalhe remetia ao impulso de arriscar, a marca deixou claro que, quando a moda decide saltar do céu, o resultado só pode ser de tirar o fôlego.