Você já teve que cortar o comprimido do o seu remédio, seja para fazê-lo render mais ou porque na farmácia só tinha a dose maior? Parece ser uma prática comum e inofensiva, não é mesmo? Achou errado! É o que mostra o estudo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) ao segmentar 750 pílulas de hidroclorotiazida, diurético indicado para o tratamento da hipertensão. Após análise identificaram discrepâncias nas partes divididas. O princípio ativo do remédio, a parte que nós é importante, não estava presente na mesma proporção nas duas metades, podendo interferir no tratamento do paciente.
Segundo o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Leonardo Pereira, “(...) o medicamento é uma mistura do princípio ativo com outros excipientes farmacêuticos. Isso tudo é misturado e prensado. Por isso, não é possível garantir que a metade direita e a metade esquerda tenham a mesma quantidade”, explica o professor.
Parece bobo, mas partir o comprimido pode prejudicar o tratamento do paciente. (Foto: Reprodução/ Pexel)
Ao partir o comprimido corre o risco de neutralizar o medicamento, alerta Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Alguns medicamentos são revestidos por uma fina capa protetora que evita a absolvição precoce do comprimido, como no duodeno, ou permite a liberação mais lenta no sangue. Cortando a pílula cria-se o contato direto do remédio com o tecido.
O artigo foi publicado na revista Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. “(...) a avaliação do processo de partição apresentou diferenças significativas na uniformidade de massa e de conteúdo, verificando-se que há grande variação de teor. Considerando que a hipertensão é uma doença grave e que requer esquema posológico rígido, variações na dosagem podem influenciar significativamente no tratamento do hipertenso”, destacam pesquisadores.
Somente em algumas situações é sugerida a fragmentação do medicamento, sob a orientação do especialista para o aumento da dose aos poucos e em processo de ‘desmame’, quando o paciente deve parar com uma medicação.
Foto Destaque: Após análise foram encontradas discrepâncias nas partes divididas. Reprodução/ Singlecare