Bem Estar

O impacto da mudança climática na saúde mental

Por causa do aquecimento global e da mudança climática, eventos climáticos extremos têm se tornado cada vez mais comuns. Além dos danos territoriais e econômicos, esses eventos também afetam a saúde mental das pessoas.

07 Set 2022 - 15h00 | Atualizado em 07 Set 2022 - 15h00
O impacto da mudança climática na saúde mental Lorena Bueri

O clima não é um sistema linear e completamente previsível, mas sim um sistema complexo. Desde a década de 1970, os cientistas tentam entender os processos associados aos fatores ambientais que contribuem para as mudanças climáticas.

As atividades humanas alteraram a composição da atmosfera, criando o efeito estufa que causa o aquecimento global. O aquecimento global é parcialmente atribuído à atividade humana através do uso de combustíveis fósseis, desmatamento e poluição.

O aquecimento global levou a um aumento de eventos extremos, que costumavam ser raros ou pouco além da faixa normal. Essas emergências são problemas sérios quando afetam territórios e economias locais. Esses eventos são:

  • Calor extremo (aumento da temperatura média global da superfície, ondas de calor);
  • Inundações relacionadas com as alterações climáticas (níveis do mar, inundações, furacões e tempestades costeiras);
  • Secas;
  • Queimadas;
  • Frio Extremos, tempestades de inverno, neve extrema;
  • Tempestades severas (supercélulas, furacões e tornados).

Todos esses eventos podem afetar a saúde mental das pessoas.

Há muitos trabalhos sobre saúde mental e mudanças climáticas sendo publicados. Os efeitos na saúde mental podem ocorrer após ou mesmo antes de eventos extremos.

Os efeitos das mudanças climáticas na saúde mental variam de sintomas mínimos a graves. Podem gerar estresse, sentimento de angústia, crises de ansiedade, distúrbios do sono, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, abuso de substâncias e pensamentos suicidas.

As constantes notícias sobre mudanças climáticas fazem as pessoas se sentirem inseguras e estressadas, até mesmo frustradas e desamparadas. Como resultado, as pessoas apresentam diferentes tipos de respostas psicopatológicas a esses eventos.

A eco-ansiedade

É natural que o cérebro humano responda a situações de perigo ou ameaça liberando  hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol. Mas quando, após o perigo, esses níveis hormonais continuam altos, isso pode levar a um quadro de alerta constante, ou seja, um transtorno de ansiedade. Várias situações podem agir como gatilhos para a ansiedade.


mulher com eco ansiedade ao lado de restos de lixo e um desenho do plante pedindo ajuda

A mudança climática afeta a saúde mental. (Foto: Reprodução/Freepik)


As pessoas que estão mais conscientes de proteger o meio ambiente, mas que se preocupam constantemente com essas questões, podem apresentar sintomas de ansiedade, a eco-ansiedade. Essa condição ainda não é considerada uma doença, mas tem sido associada a preocupações contínuas sobre a emergência climática. 

O medo crônico sobre a saúde do meio ambiente e a falta de perspectivas de um futuro melhor e sustentável para si e seus descendentes, pode ser um gatilho. Essas preocupações, unidas a outros gatilhos, têm levado as pessoas a desenvolverem Transtorno de Ansiedade Generalizada.

Um médico deve ser consultado se os sintomas de eco-ansiedade evoluírem ou passarem a interferir na vida diária. O tratamento pode incluir terapia cognitivo-comportamental, como discutir pensamentos e crenças sobre as mudanças climáticas e o meio ambiente e desenvolver estratégias individuais de enfrentamento. 

A maioria dos graus de eco-ansiedade pode ser resolvida por meio de ajustes de comportamento pessoal e estilo de vida.

Foto destaque: Mudança climática. Reprodução/Freepik.

 

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