Um aumento significativo no número de casos de sedentarismo entre crianças e adolescentes está preocupando especialistas da saúde. De 2011 a 2022, a porcentagem de jovens de 10 a 19 anos com sobrepeso, obesidade ou obesidade grave cresceu de 21% para quase 33% no Brasil.
A pediatra Silvana Vertematti, médica do exercício e do esporte, atende adolescentes no Hospital do Servidor Público de São Paulo, disse em entrevista para o Fantástico sobre sedentarismo na infância e adolescência, disse que quase todos os pacientes que atendem nessa faixa etária, estão sedentários
“Sete em (cada) nove pacientes que temos atendido estão demonstrando falta de atividade física e desinteresse pela atividade física”, disse a pediatra
Um jovem de 17 anos, Gabriel Martins, foi entrevistado pelo Fantástico e relatou como a chegada da adolescência mudou seus hábitos, transformou sua rotina. Segundo ele, foi uma criança ativa, mas na adolescência passava o dia “enrolando” após chegar da escola
“Jogando, conversando, assistindo vídeo”, relatou Gabriel sobre as atividades no computador que ocupavam o resto do seu dia, após a escola
Adolescentes têm passado mais tempo em casa (Reprodução/Pexels)
Para Drauzio Varella, prestigiado médico que apresenta quadros de saúde no Fantástico regularmente, uma das causas do aumento de sedentarismo nesse pública tem haver com as mudanças no espaço urbano, que antes possuía mais ambientes convidativos para crianças e jovens brincarem e praticarem esportes. Por isso, crianças e adolescentes têm passado mais tempo dentro de casa, na internet e em atividades que não demandam atividade física
“Quando eu era pequeno, jogava futebol na rua. Depois me formei em medicina e, nas visitas aos meus pacientes, passava por praças e terrenos cheios de crianças brincando. Mas as cidades cresceram. Uma das causas do que os especialistas chamam de ‘analfabetismo físico’ é a falta de espaços públicos para a educação do corpo. Muitas vezes as opções ficam longe de casa, atrapalhando a rotina de pais e filhos”, disse Drauzio.
Para os especialistas, entre os principais riscos associados ao sedentarismo está o desenvolvimento de doenças crônicas, como a diabetes tipo 2 e a hipertensão, ambas associadas ao sobrepeso que está associado à falta de exercício. Além disso, enfatizam que a prática de atividade física está diretamente relacionada à prevenção e tratamento de transtornos psiquiátricos.
Para Drauzio, que está completando 80 anos e desde os 50 é maratonista, o corpo humano foi feito para o movimento e “enferruja”, tal como uma máquina, se não estiver sempre em movimento.
Foto destaque: Adolescente em computador - Reprodução/Pexels