O índice de mulheres com depressão é duas vezes maior do que o de homens: entre elas, o risco de sofrer com esse mal é de 10% a 25%, enquanto entre eles, esse número é de 5% a 12%. Isso se deve a uma soma de fatores sociais e também biológicos, que incluem questões hormonais até a dupla jornada de trabalho para conciliar carreira e tarefas domésticas.
“A depressão é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite. Sendo assim, ela também produz efeitos negativos na parte sexual”, explica Dra. Eveline Catão, ginecologista, obstetra e associada da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil).
De acordo com a médica, o efeito devastador que a condição pode ter sobre o sexo torna a doença ainda mais penosa. “Isso porque a depressão impõe vários desafios de intimidade, como dificuldades com a autoestima, insegurança, pouco interesse e sensação de distanciamento do parceiro”, disse Dra. Eveline.
Além disso, segundo ela, a depressão produz uma série de efeitos colaterais que influenciam a libido. Seus sintomas podem fazer as pessoas perderem o interesse nas coisas prazerosas da vida, assim como aumentar a irritabilidade e o pessimismo. A especialista lembra ainda que a doença está relacionada à baixa energia e fadiga. “Tudo isso pode levar à perda de interesse no ato sexual”.
“Pessoas deprimidas estão exaustas o tempo todo, por isso elas não têm disposição para a atividade sexual”, explicou a ginecologista. Ela prossegue destacando que tanto homens quanto mulheres podem ter dificuldades para iniciar e desfrutar do sexo quando se encontram nesta condição. “Cerca de metade das pessoas com depressão não tratada apresentam sintomas de disfunção sexual, que podem incluir uma dificuldade contínua de atingir o orgasmo”, afirma Dra. Eveline.
A especialista lembra que, ao apresentar sintomas como alteração da libido, baixa autoestima, fadiga ou perda de energia constante, insônia ou sonolência excessiva (praticamente diárias), alteração de peso, culpa excessiva e dificuldade de concentração, é importante procurar ajuda profissional. “Não é normal experimentar tantos sentimentos negativos por períodos prolongados. Se a tristeza for persistente, recomendo buscar atendimento médico para que os problemas não se acumulem e se tornem difíceis de serem solucionados”, conclui Dra. Eveline.
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