Compreender os sentimentos e seus impactos nas escolhas pessoais é uma das funções da terapia, que é fundamental para o entendimento de certos comportamentos, como a alimentação.
Segundo Fabiana Escudeiro, psicóloga e professora da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), as sessões de terapia podem auxiliar em processos de reeducação alimentar, visto que estimulam uma reflexão sobre a relação do com a comida e quais são os caminhos para proporcionar uma mudança saudável. Para a psicóloga, a terapia é uma fundamental aliada para qualquer desejo de mudança comportamental, fazendo parte de processos de reeducação.
Em casos como a obesidade e transtornos alimentares (bulimia, compulsão alimentar e anorexia), a terapia é uma etapa obrigatória do tratamento. Quadros como esses exigem um trabalho de equipe multidisciplinar, com nutricionistas, psicólogos e profissionais específicos para o que cada tipo de distúrbio demanda.
“Há evidências de que a sensibilidade à recompensa é fator de risco para ganho de peso e obesidade. Isso apoia a recomendação que os indivíduos que vivem com obesidade devem ser informados sobre fundamentos neurobiológicos do impulso para comer, e apoiados para desenvolver habilidades comportamentais de enfrentamento para gerenciar essas questões”, afirma Sylka Rodovalho, endocrinologista da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional de São Paulo).
O processo de reeducação alimentar está ligado a questões psicológicas. (Foto: Reprodução/ Freepik)
Uma das principais funções da terapia é a criação de ferramentas para o controle das emoções sem o uso de recursos externos, e comer pode ser um deles. A comida pode ser um importante regulador de humor, na qual uma pessoa se sente dependente dela para se sentir bem.
Em casos como obesidade e sobrepeso, a terapia é recomendada quando a vida da pessoa é ditada pela sua autoimagem, quando sua visão sobre si mesma impacta diretamente no seu cotidiano e nas suas relações.
A terapia também é uma ferramenta para romper com a ideia de perfeccionismo das dietas, o que faz com que muitas pessoas desistam de adotar novos hábitos no seu primeiro desvio. Dessa forma, o tratamento serve para evitar que o paciente caia em armadilhas como esta.
A TCC (terapia cognitivo-comportamental) é comumente associada aos tratamentos de perda de peso. O processo age no desenvolvimento de metas e no modo de interpretar as ações do paciente para compreender, por exemplo, o momento em que ele não conseguiu seguir a dieta e qual foi seu sentimento naquele instante.
“Cada pessoa tem um jeito diferente de funcionar, tem gente que come porque está feliz, porque não percebe, está entediado. A função da terapia é entender o padrão de funcionamento daquela pessoa, qual é a função da comida e como fazer para mudar isso, se necessário”, diz Fabiana Escudeiro.
Foto destaque: Terapia é uma aliada fundamental para qualquer mudança comportamental. Reprodução/ Freepik