Quando o assunto é o raio ultravioleta do sol é comum proteger os membros do nosso corpo com filtro solar ou com uma peça de roupa maior. No entanto, nos esquecemos da parte que fica mais exposta: a cabeça. O câncer de pele na cabeça pega as pessoas de surpresa. Muitos podem ter a impressão que os cabelos são uma proteção natural e se esquecem de usar chapéu e bonés.
Segundo Dra. Patrícia Mafra, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, os raios do sol podem causar lesões ao couro cabeludo, até mesmo tumores. Estes apresentam em tamanhos, formas e cores diferentes. Detectar essas lesões é a melhor forma para prevenção e tratamento. Mesmo quem tem grande volume de cabelo o risco de câncer de pele na cabeça existe, podendo agravar o quadro evoluindo para metástase atingindo o cérebro.
O médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA), Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, explica: "(...) o câncer de pele no couro cabeludo é perigoso se não for diagnosticado e tratado, pois há risco de metástase para o cérebro. Apesar de não serem classificados como tumores cerebrais, as metástases cerebrais são tipos de cânceres que chegam no cérebro após circular pelo corpo. E temos a impressão de que eles são até dez vezes mais comuns do que os tumores cerebrais".
Ter calvície ou mesmo rarefação capilar é um fator de risco para o desenvolvimento de câncer no couro cabeludo. (Foto: Divulgação/Instituto Nacional do Câncer)
O câncer de pele, na cabeça ou qualquer outra região, se manifesta de diferentes formas. Os principais sintomas são feridas que não cicatrizam, sangramentos, formação de crosta na pele, manchas marrom, lesão que muda de tamanho, cor e forma ou o surgimento de uma nova mancha. Mantenha atenção, pois, normalmente, quando estes sintomas aparecem o câncer está em um estágio avançado, dificultando o tratamento e reduzindo as chances de cura.
A dermatologista Patrícia Mafra recomenda: "Os cabelos são uma proteção natural contra as radiações solares, porém, na medida em que os eles vão escasseando, perde-se essa proteção. Não há filtro solar específico para o couro cabeludo. Contudo, indico aplicar um protetor solar em spray para alcançar a área. Caso a pessoa seja calva, ela pode utilizar o mesmo produto aplicado no rosto, com FPS de, no mínimo, 30 e PPD 10, reaplicando a cada duas horas. Além disso, principalmente para quem trabalha exposto ao sol, deve-se usar bonés e chapéus".
A ajuda de um amigo, familiar ou companheiro é suficiente. Peça que vasculhe seu couro cabeludo por manchas, feridas ou sangramentos, de preferência com luz natural. Bastam alguns minutos para detectar estes sinais, uma vez por mês.
Foto Destaque: O câncer de pele na cabeça é descoberto em estágio avançado devido seu encobrimento. Reprodução/ Shutterstock