O diretor, ator e dramaturgo Zé Celso faleceu nesta quinta-feira (06) aos 86 anos, em São Paulo. Ele estava internado desde a última terça-feira (04), após sofrer queimaduras em 53% do seu corpo, causadas por um incêndio no apartamento onde morava no bairro do Paraíso, na capital paulista.
Zé Celso deixa o marido, Marcello Drummond, eles estavam juntos desde 1986 e se casaram no início de junho deste ano. O marido, outros três amigos do dramaturgo e o cão de estimação também estavam no edifício — porém não no mesmo apartamento, no momento do incêndio. Marcello, Victor Rosa e Ricardo Bittencourt foram internados em observação, por terem inalado muita fumaça, já o pet teve alta da clínica veterinária e está sob os cuidados das irmãs de Zé Celso.
Marcello Drumnond, à esquerda e a direita, Zé Celso (Reprodução/Instagram/@marcelodrummond)
O andar do apartamento foi interditado pela Defesa Civil e o 36° Distrito Policial (Vila Mariana) segue investigando, uma possível causa, segundo testemunhas, pode ter sido no aquecedor elétrico do quarto de Zé, que há cerca de dois ou três anos, ocorreu um pequeno incêndio de baixa proporção no qual foi controlado sem danos.
Um dos grandes nomes da arte teatral brasileira
Zé Celso Martinez Corrêa é um destacado encenador e dramaturgo brasileiro que se dedicou mais de seis décadas à arte teatral. Nascido em 1937, na cidade de Araraquara, em São Paulo, Zé Celso fundou o Teatro Oficina em 1958, tornando-se um dos principais expoentes da vanguarda teatral brasileira.
No Teatro Oficina, Zé Celso e seu grupo desenvolveram uma proposta estética radicalmente inovadora, abordando questões sociais e políticas em suas encenações. Uma de suas produções mais marcantes foi "O Rei da Vela", uma adaptação da obra de Oswald de Andrade, que criticava o capitalismo e o autoritarismo. A peça gerou polêmica e censura durante o regime militar.
Zé Celso no palco (Reprodução/Photo Premium/Folhapress/Getty Images)
Além de suas montagens revolucionárias, Zé Celso também foi um importante teórico e pesquisador do teatro, influenciando gerações de artistas com sua visão de um teatro total, que integra todas as artes e dialoga com a realidade social. Ele também defendeu o teatro de rua e a ocupação dos espaços públicos pela arte.
Foto destaque: Zé Celso Martiz Corrêa morre em São Paulo. Reprodução/Marcos Alves/Agência O Globo.
