Autoridades ucranianas negaram nesta segunda-feira (16) qualquer envolvimento com Ryan Routh, suspeito da tentativa de assassinato contra o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Declaradamente apoiador da Ucrânia, Routh foi preso pelo Serviço Secreto americano após invadir um campo de golfe do ex-presidente Trump no último domingo (15). Kamala Harris lamentou o ocorrido, enquanto Joe Biden pedia ao Serviço Secreto que não poupasse esforços para proteger os presidenciáveis. O Kremlin sugeriu que o incidente estaria relacionado ao apoio dos EUA em Kiev.
Tentativa de assassinato e apoio à Ucrânia
Dois meses após o incidente na Pensilvânia, o candidato à presidência dos Estados Unidos pelo partido republicano Donald Trump sofreu novamente uma aparente tentativa de assassinato. Um homem identificado como Ryan Routh, de 58 anos, foi detido pelo Serviço Secreto depois de levar uma arma ao campo de golfe de Trump. Após o ocorrido, surgiram diversas informações de que ele era um defensor da Ucrânia.
O homem apareceu em diversas entrevistas falando sobre o assunto, tendo inclusive viajado ao país após uma invasão russa em 2022. Em um vídeo, Routh disse que não foi aceito nas linhas de frente por não ter experiência militar e tentou recrutar combatentes estrangeiros no que ele foi classificado como "luta do bem contra o mal". Até o momento, o acusado não declarou a motivação de seus atos.
As autoridades ucranianas afirmaram que ele nunca foi associado à Legião Internacional: Routh “nunca fez parte, esteve associado ou vinculado à Legião Internacional em qualquer capacidade”, afirmaram as autoridades à agência de notícias Reuters. Segundo divulgado pelo canal de notícias americano CNN, os militares ucranianos receberam um e-mail de Ryan Routh sobre recrutadores voluntários, porém a proposta do homem não foi levada a sério. “ Nós nem sequer respondemos. Não havia nada para responder. Ele nunca fez parte da Legião e não cooperou conosco de forma alguma”, disse Oleksandr Shaguri, do Comando das Forças Terrestres Ucranianas, segundo a reportagem da CNN.
Policiais prendendo Ryan Wesley Routh, suspeito de uma tentativa de assassinato a Trump na Flórida (Reprodução/Gabinete do Xerife do Condado de Martin / Folheto/Anadolu/Getty Images Embed)
Acusações, desinformação e palavras das autoridades
Enquanto Kiev nega qualquer ligação com o suspeito, o Kremlin, através do seu porta-voz Dmitry Peskov, insinuou que o apoio de Washington à Ucrânia pode ter gerado consequências. “ Não somos nós que deveríamos estar pensando, são os serviços de inteligência dos EUA que deveriam estar pensando. De qualquer forma, brinque com fogo tem suas consequências”, disse Peskov. Andriy Kovalenko, chefe do Centro de Combate à Desinformação da Ucrânia, rebateu dizendo que Moscou estava utilizando um novo atentado contra Trump para atacar a Ucrânia no campo da desinformação: “O inimigo lançará uma série de teorias da conspiração sobre o 'rastro ucraniano'. É claro que tudo isso é uma mentira.” Disse Kovalenko.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, manifestou-se dizendo estar feliz em saber que Donald Trump estava a salvo, afirmando que não há espaço para violência na política em qualquer lugar do mundo. Já o presidente americano, Joe Biden, recomendou ao Serviço Secreto que não poupasse esforços para garantir a segurança de seu antecessor.
Kamala Harris, que concorre contra Trump à presidência dos EUA pelo partido democrata, fez um post no ‘X’ (antigo Twitter) condenando a ação de Routh: “A violência não tem lugar na América”. Trump agradeceu a todos pela preocupação e votos de saúde, classificando o incidente como “um dia interessante”. O candidato republicano também agradeceu ao Serviço Secreto e aos policiais pela proteção.
Este novo atentado ocorre um pouco mais de sete semanas antes das eleições americanas, que acontecem no dia 5 de novembro. As pesquisas indicam uma corrida eleitoral remota, e cada novo fato pode influenciar a decisão dos americanos na escolha do próximo presidente, que estará à frente do país pelos próximos quatro anos.
Foto destaque: print da AFPTV que mostra Ryan Wesley Routh (Reprodução/AFPTV/AFP/ Getty Images Embed)