A relação já tensa entre o presidente Donald Trump e o Judiciário americano atingiu um novo patamar de confronto nesta terça-feira (11). O estopim foi uma série de decisões judiciais que limitaram o acesso de Elon Musk, o controverso líder do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), a informações financeiras cruciais do Tesouro.
Durante uma coletiva de imprensa, marcada por um tom desafiador, Trump e Musk não pouparam críticas aos juízes, questionando suas motivações e defendendo a autonomia do Executivo para implementar as reformas prometidas e, segundo eles, combater a corrupção de forma implacável.
Judiciário x Casa Branca
O embate desta terça é apenas o mais recente capítulo de uma prolongada e acirrada disputa entre a Casa Branca e o Poder Judiciário. Desde o início do mandato de Trump, diversas iniciativas presidenciais, incluindo o polêmico decreto que visava acabar com o direito à cidadania por nascimento e medidas de congelamento de verbas destinadas a programas sociais, foram barradas ou limitadas por decisões judiciais.
Trump, que em um momento anterior chegou a flertar com a ideia de desobedecer ordens judiciais, adotou agora uma postura mais cautelosa, afirmando que pretende recorrer das decisões que considera equivocadas. No entanto, ele não deixou de expressar sua frustração com a lentidão do processo judicial e de lançar acusações veladas, sugerindo que alguns juízes poderiam estar agindo para proteger "indivíduos desonestos" e seus interesses.
A "operação limpeza" de Musk e as acusações de corrupção generalizada
Elon Musk, o polêmico empresário e fundador da Tesla e da SpaceX, foi nomeado por Trump para liderar o DOGE com a missão de promover uma "operação limpeza" no governo. O foco principal dessa operação, segundo Musk, é reduzir drasticamente os gastos públicos, eliminar o desperdício e, acima de tudo, combater o que ele descreve como uma corrupção generalizada e enraizada na máquina administrativa.
Musk argumenta que as reformas propostas por ele foram aprovadas pela maioria dos eleitores nas urnas e que, portanto, o Judiciário não teria poder para interferir na execução da vontade popular.
Elon Musk discursa no salão da Casa Branca (Foto: reprodução/Jim Watson/Getty Images Embed/AFP)
A Casa Branca e figuras proeminentes do Partido Republicano, como o presidente da Câmara, Mike Johnson, saíram em defesa das ações de Musk e Trump, pedindo publicamente que os tribunais "recuem" e permitam que o processo de reforma administrativa siga seu curso sem obstáculos.
Trump aproveitou a oportunidade para intensificar suas críticas à USAID, a agência governamental americana responsável por programas de ajuda humanitária internacional, insinuando que a agência estaria envolvida em práticas corruptas que precisariam ser investigadas.
Foto destaque: Elon Musk, CEO da Tesla, à esquerda, e o presidente dos EUA, Donald Trump, no salão da Casa Branca (Reprodução/Getty Images Embed/Aaron Schwartz/Bloomberg)