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Tribunal russo condena artista a sete anos de prisão por protesto contra a invasão à Ucrânia

Alexandra Skochilenko estava em prisão preventiva desde março de 2022, após cobrir etiquetas de um mercado por mensagens que denunciavam a ofensiva russa

16 Nov 2023 - 20h45 | Atualizado em 16 Nov 2023 - 20h45
Tribunal russo condena artista a sete anos de prisão por protesto contra a invasão à Ucrânia Lorena Bueri

Nesta quinta-feira (16), a artista, musicista e poeta, Alexandra Skochilenko, foi condenada a sete anos de prisão por cobrir etiquetas de preço de uma mercearia em São Petersburgo por mensagens que denunciavam a invasão russa. Segundo o tribunal, Alexandra é culpada pela divulgação pública de informações falsas sobre o uso das Forças Armadas da Federação Russa em locais de fixação de preço de uma rede de mercados de São Petersburgo. 

A Promotoria também sujeitou Alexandra a três anos de proibição do uso de qualquer serviço de telecomunicação ou internet por cometer um “crime sério” de ódio político contra a Rússia. A artista, que estava em prisão preventiva desde março de 2022, negou a acusação de ter divulgado informações falsas sobre o exército e se declarou inocente.

Em uma das mensagens colocadas nas prateleiras do mercado, Alexandra responsabilizou o exército russo pelo bombardeio a uma escola de artes em Mariupol, na Ucrânia, onde 400 pessoas estavam escondidas. De acordo com a cobertura do Sky News sobre o incidente, o jornal russo, Ria Novosti, relatou que as autoridades do país negaram relação com o ataque, acusando o grupo de defesa territorial da Ucrânia, Batalhão Assov, como responsável pelo atentado, mas não forneceu evidências para apoiar essa afirmação.

Julgamento


Reação de Alexandra Skochilenko ao veredito desta quinta-feira (16)  (Reprodução/Sky News)


Alexandra foi detida em 31 de março de 2022 e mantida em prisão preventiva, entretanto, o Tribunal Distrital de São Petersburgo estendeu o encarceramento e adiou o julgamento de Alexandra até esta semana. Na audiência, seus advogados apelaram pela inocência de Alexandra, que, segundo eles, agiu de acordo com sua consciência e não cometeu nenhum crime. 

Pouco antes do veredito final, Alexandra questionou a consciência do procurador e da sociedade em pensar que cinco pequenos papéis poderiam desestabilizar as condições de segurança pública do país e disse não compreender a razão da guerra entre Rússia e Ucrânia. 

Em nota, a diretora da Anistia Internacional para a Europa Oriental e Ásia Central, Marie Struthers, condenou a sentença dada a Alexandra e a definiu como injusta. Marie destacou o período em que Alexandra perdeu sua liberdade e ficou mantida em condições torturantes durante 19 meses “Por simplesmente ter exposto a agressão russa contra o povo da Ucrânia”.

Censura e retaliação na Rússia

Com o início da ofensiva russa, o país ampliou a censura à imprensa local. Veículos estão proibidos de utilizar palavras como “guerra” ou “ataque” quando se referirem ao conflito armado, ocorrendo punições de 15 mil rublos caso ocorra infração do código a ser seguido.

No mesmo dia da invasão russa - 24 de fevereiro -, Alexandra participou do protesto contrário ao ataque, e foi multada em 10 mil rublos. Em 4 de março de 2022, o Parlamento russo adotou a punição de 15 anos para os condenados por divulgar informações falsas sobre a guerra. 

Foto destaque: Alexandra Skochilenko sendo escoltada por policiais antes da audiência em São Petersburgo, em 14 de novembro (Reprodução/Anton Vaganov/Reuters)

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