Nesta quarta-feira (31) o grupo fundamentalista que governa o Afeganistão, Talibã, celebrou o que chamam de “dia da liberdade” o primeiro ano da retirada das tropas norte americanas do território afegão. A comemoração contou com desfile de carros militares deixados por forças estrangeiras e músicas de vitória, a mídia local mostrou combatentes do grupo marchando pelas ruas e helicópteros sobrevoando o local.
Na capital afegã, Cabul, na noite de terça-feira (30) houve queima de fogos de artifícios, faixas de comemoração sobre a União Soviética e o Reino Unido também foram exibidas pela cidade. A Inglaterra travou três guerras contra o país nos séculos 19 e 20 e as tropas soviéticas deixaram o país após nove anos de conflitos, em 1989.
Combatente Talibã armado. Foto Reprodução: Jovem Pan
Em comunicado o governo do Afeganistão disse que o dia estabeleceu “a liberdade da nação da ocupação americana”. O grupo reforçou suas exigências para ser internacionalmente reconhecido como verdadeiro governo do Afeganistão. Em comunicado o grupo disse, "A experiência dos últimos 20 anos pode ser um bom guia. Qualquer tipo de pressão e ameaças sobre o povo do Afeganistão nos últimos 20 anos falhou e aumentou a crise" - divulgou. O Talibã pediu à comunidade internacional que aceite um governo independente islâmico no país afegão, que possa ter uma interação boa e positiva com o resto do mundo.
Já a comunidade internacional solicita e pressiona que o grupo respeite os direitos humanos, principalmente os das mulheres, há um ano quando retomaram o poder, os Talibãs prometeram um regime mais brando em comparação ao regime extremista praticado no primeiro comando no país afegão entre os anos de 1996 a 2001. Mas o abrandamento prometido não foi cumprido, as restrições de liberdade às mulheres afegãs foram reavaliadas pelo grupo. O Talibã impediu, por exemplo, que elas exercessem diversos cargos, impôs que apresentadoras e jornalistas cobrissem seus rostos na televisão, além de fechar escolas secundárias para meninas.
O Talibã é um grupo autoritário que defende a radicalidade da lei islâmica, surgiu em 1994 durante a Guerra Civil Afegã, tomando grande parte da região afegã em 1996. Em 2001 foi derrubado pelos Estados Unidos após invasão do país norte americano, retomando poder em 2021, após duas décadas de intensos conflitos, onde cerca de 66 mil soldados afegãos, mais de 2,4 mil combatentes americanos e 48 mil civis foram mortos.
Foto Destaque: Talibã celebrando um ano de governo no Afeganistão. Reprodução: Agencia Brasil- EBC.