Nesta sexta-feira (6) líderes políticos do Mercosul e da União Europeia (UE) anunciaram um acordo de livre comércio entre os dois blocos econômicos. Ocorrida durante a cúpula do Mercosul em Montevidéu, no Uruguai, a cerimônia reuniu representantes do bloco sul-americano e da Comissão Europeia. O tratado foi assinado após 25 anos de negociações entre os dois blocos.
O documento estabelece um corte de 100% de tarifas industriais em até dez anos pela UE. Já Mercosul deverá eliminar 91% de linhas tarifárias do comércio em até quinze anos.
Melhores preços e maior concorrência no Brasil
Os setores mais beneficiados com o acordo comercial entre os dois blocos econômicos seriam a indústria automotiva e a agropecuária, com redução de valores de carros, queijos, vinhos e azeite.
O pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV Agro, Felippe Serigatti, explicou à CNN Brasil que, embora com os benefícios da redução dos valores de produtos importados no país, o acordo também trará concorrências aos produtos nacionais. De acordo com Serigatti, o setor mais afetado com os preços competitivos será o de lacticínios.
“A parte de vinhos seria um exemplo de aumento de concorrência no mercado brasileiro, uma vez que a Europa tem uma variedade da bebida e reputação altamente tradicional na área”, destacou o pesquisador.
Cerimônia reuniu representantes do bloco sul-americano e da comissão europeia (Foto: reprodução/Ricardo Stuckert/PR/Agência Brasil)
Azeite de oliva ficará mais barato
Com a assinatura do tratado, o azeite de oliva será o produto de maior redução de preço no mercado brasileiro. Isso ocorre porque o país depende quase que exclusivamente da importação do produto, uma vez que os maiores produtores são Portugal, Espanha e Itália.
O item sofreu um aumento significativo do valor nos últimos dois anos, por razão da seca que atinge os principais produtores do óleo na Europa, diminuindo as colheitas de azeitonas.
O professor da Fundação Dom Cabral, Eduardo Menicucci, explicou que o produto seria capaz de aumentar o fluxo comercial entre o Mercosul e a UE. “A possibilidade de importar o azeite mais barato, devido à derrubada da tarifa para entrada do produto no Brasil. A princípio esses produtos chegariam mais barato e aumentaria o fluxo comercial entre os dois blocos”, afirmou Menicucci.
Indústria automotiva
A indústria automotiva, principalmente o segmento de carros de luxo, seria beneficiada pelo acordo, aumentando o consumo de automóveis de luxo no Brasil. “Carros de alto padrão tem tributação elevada. Mesmo que haja montadoras no Brasil, muitos modelos ainda são fabricados fora do país. A mudança seria escalonada, não de uma hora para outra, mas é provável que haja uma queda de preço no médio prazo”, pontou Eduardo Menicucci.
Mais um ramo beneficiado pelo tratado seria o de serviços, principalmente as áreas de consultorias e mão-de-obra especializada, a exemplo de computação e tecnologia da informação.
Foto destaque: Bandeiras que representam os blocos econômicos União Europeia e Mercosul (Reprodução/Comex)