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Mercosul e União Europeia definem acordo de livre-comércio

Blocos do Mercosul e UE dizem sim ao acordo pelo livre-comércio, encerrando mais de duas décadas de impasses e engavetamento do projeto

06 Dez 2024 - 12h45 | Atualizado em 06 Dez 2024 - 12h45
Mercosul e União Europeia definem acordo de livre-comércio Lorena Bueri

A cúpula em polvorosa do Mercosul, com a chegada da presidente da Comissão Europeia, previu bons ventos nas negociações com o bloco europeu. Vislumbrando a conclusão do acordo de livre-comércio, integrantes da base sul-americana, definiram presença de Ursula Von der Leyen como fator-chave para as negociações encerrarem esse assunto, oficializando o acordo após mais de duas décadas de ingratas tentativas. 

Aguardando as ratificações parlamentares que faltavam, e paralisado desde 2019, o tratado foi reiniciado pós-transição do governo Lula. Contudo, o protecionismo francês, elevando o muro sempre um nível a cima em cada "quase canetada", busca azedar o caldo sul-americano da vitória. "A realidade geopolítica e econômica global nos mostra que a integração fortalece nossas sociedades, moderniza nossas estruturas produtivas e promove nossa inserção mais competitiva no mundo", disse o presidente Lula em discurso na Cúpula. O cenário temeroso desenhado pela estratégica "minoria qualificada" segue embarreirando o 'O.K.' definitivo.  


Bandeiras Mercosul e União Europeia (Foto:reprodução/Wikimedia Commons/Sr Giménez)

Bandeiras Mercosul e União Europeia (Foto: reprodução/Wikimedia Commons/Sr Giménez)


Protecionismo

Em questão, a tal "minoria qualificada", é a parcela da União Europeia (UE) opositora ao acordo. Previsto pela UE, o mecanismo é uma ação de segurança contra decisões unilaterais, evitando que países com maiores vantagens, força econômica e poder político desequilibre as ações do bloco. Nessa ótica, alguns opositores vem forçando o malabarismo do Mercosul sem picadeiro ou festa enquanto o panelaço político não terminar. Após passar pela fase de negociações, o texto do acordo precisa passar pela aprovação do Conselho da União Europeia. Em termos numéricos, isso reflete em 55% de apoio dos países do bloco; composto por 27 países, precisará de 15 favoráveis. A ala do protecionismo precisa de pelo menos quatro países adeptos, totalizando a porção de 35% da população do bloco europeu. Encabeçado pela França, que busca mais aliados, e já tendo a Polônia autodeclarada apoiadora, o movimento busca ainda Itália, Países Baixos e Áustria para, enfim, forçar definitivamente a decisão de não fechar o acordo. Manifestações se espalham pela Europa mediante integrantes do agronegócio na tentativa de travar o projeto.


Luis Alberto Lacalle e Lula durante a Cúpula do Mercosul (Foto:reprodução/Instagram/@mercosurint)

Luis Alberto Lacalle e Lula durante a Cúpula do Mercosul (Foto:reprodução/Instagram/@mercosurint)


Desfecho

Por outro lado, o fim da novela talvez esteja mais próximo do que se imagina. Favorável ao acordo, Von der Leyen principal articuladora para a resolução, mesmo diante da força minoritária contrária ao desfecho positivo para o Mercosul, rompe o desconforto do movimento franco-articulador diante da comunidade europeia. Nas últimas semanas, até a rede francesa de supermercados Carrefour se envolveu em polêmicas dentro do contexto destas negociações, mas, recuou. 

Outro ponto culminante da decisão formidável para a aliança sul-americana é a vitória de Trump nos EUA. O pontapé para o destravamento em 2019 do acordo, se deu através da primeira eleição do presidente, devido à proliferação de incertezas num cenário geopolítico recheado de dúvidas quanto ao modus operandi do governo norte-americano. Ao cair o raio novamente no mesmo lugar e nuvens se formarem sobre as cabeças das lideranças europeias, os especialistas políticos traçando um novo norte nessa choradeira toda, são otimistas não somente ao texto do acordo, mas na definitiva resposta da UE sobre o fato.  

Temerosos quanto a presença da China e Rússia na América do Sul, com a força influente do BRICS e toda movimentação econômica destes num mercado extremamente importante para o mundo, e ainda sob ameaças de taxação por parte de Trump e a "ruptura" das relações, se criarem nova moeda de negociação internacional, a UE pode selar o acordo, apesar da pirraça francesa com sua trupe nos quintais da Europa. "À luz do progresso alcançado desde 2023, o Acordo de Parceria entre o Mercosul e a União Europeia está agora pronto para revisão legal e tradução. Ambos os blocos estão determinados em conduzir tais atividades nos próximos meses, com vistas à futura assinatura do acordo", declarou em nota o Ministério das Relações Exteriores.

O presidente Lula, por sua vez, noutra incisiva declaração trouxe à luz da história, um grito geracional sobre o desfecho do sonho fincado por visionários líderes de um passado recente, "Foi nesse espírito que, há 33 anos, o pai do Presidente Lacalle Pou e os então presidentes do Brasil, da Argentina, e do Paraguai firmaram o Tratado de Assunção, que continua sendo instrumental para superar um passado de autoritarismo em nossa região. A liberdade, em todas as suas manifestações, é componente essencial de uma democracia sadia. Mas ela deve vir associada à proteção dos direitos e às liberdades de outros, e a da própria ordem política. A democracia em sua plenitude é base para promover sociedades pacíficas, livres do medo e da violência". E ainda, "Que tenhamos, no MERCOSUL, o senso de justiça e inclusão de Pepe Mujica. Em um discurso histórico, na ONU, em 2013, ele disse e repito: "Sou do Sul e venho do Sul a esta Assembleia. Carrego inequivocamente os milhões de compatriotas pobres, nas cidades, nos desertos, nas selvas, nos pampas, nas depressões da América Latina, pátria de todos que está se formando"", concluiu.

O encontro em Montevidéu, na Cúpula do Mercosul, revitalizou a estrada à convergência do acordo. Com o sentimento de missão cumprida, os líderes pós-acordo firmado aumentam a ciranda de mãos dadas com UE, não somente contra o protecionismo francês e seus aliados e as ameaças norte-americanas na figura caricata de Donald Trump, mas, avançando para um novo tempo nas negociações internacionais e o livre-comércio para o bem de toda uma cadeia produtiva diversificada, rompendo as fronteiras da segregação socioeconômica, dando condições para um mundo mais justo e equilibrado.

Foto destaque: Ursula Von der Leyen em discurso na Cúpula do Mercosul (Reprodução/Instagram/@mercosurint)

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