Após uma minuciosa investigação de dez meses, a Polícia Federal de São Paulo concluiu que o influencer Renato Cariani, conhecido por sua presença nas redes sociais com mais de sete milhões de seguidores no Instagram, está envolvido em um esquema de tráfico de drogas. A PF apontou Cariani como parte de uma quadrilha que fornecia entorpecentes químicos para o tráfico, resultando no indiciamento dele e de mais duas pessoas pelos crimes de tráfico equiparado, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Renato Cariani, Fábio Spinola Mota e Roseli Dorth foram indiciados pelos crimes mencionados, mas, até o momento, permanecem em liberdade aguardando os desdobramentos legais. O relatório final da PF foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que terá a responsabilidade de decidir se irá denunciar o grupo pelos crimes investigados. A Justiça Federal, por sua vez, determinará se os três acusados enfrentarão julgamento pelos delitos imputados.
Renato Cariani arrumando equipamento de ginástica (reprodução/Instagram/renato_cariani)
O trio é acusado de falsificar notas fiscais destinadas a farmacêuticas, simulando uma relação comercial legítima. No entanto, os produtos, em vez de seguir para as empresas mencionadas, eram desviados para traficantes, contribuindo para a fabricação de cocaína e crack. A investigação apontou que, ao longo de seis anos, foram desviadas impressionantes 12 toneladas de insumos químicos essenciais para a produção dessas substâncias ilícitas.
Perfil dos indiciados e conexões criminosas
Além de Cariani, a polícia indiciou Roseli Dorth, sócia do influenciador em uma empresa para venda de produtos químicos, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., em Diadema, e o suposto intermediário Fábio Spinola Mota, apontado como membro do PCC. Mota, que já havia sido preso em operações anteriores da PF, é considerado o intermediário entre Cariani e a facção criminosa.
A defesa de Renato Cariani refuta as acusações, destacando que o indiciamento ocorreu antes mesmo de oportunidade para prestar esclarecimentos. O advogado Aldo Romani Netto afirma que documentos foram apresentados ao juízo para comprovar a inocência de Cariani. Apesar da solicitação da polícia, a prisão do trio foi negada pela Justiça. Durante as operações, R$ 100 mil em espécie foram encontrados na residência de Fábio Spinola Mota.
Desvio de produtos controlados e fraudes financeiras
A hipótese da polícia sugere que materiais adquiridos legalmente pela Anidrol eram desviados para a produção de drogas ilícitas. Para encobrir esses desvios, notas fiscais falsas eram emitidas, utilizando indevidamente o nome da multinacional AstraZeneca. A estimativa da PF é que o esquema de desvio de produtos químicos possa ter gerado ao grupo valores superiores a 6 milhões de reais. A investigação abrange o período de 2016 a 2020, e novas fases da operação podem ser desencadeadas.
A defesa dos outros suspeitos ainda não foi contatada pela Folha para comentar as acusações. A polícia, durante as investigações, chegou a solicitar a prisão do trio, mas a Justiça negou o pedido. O desfecho do caso agora aguarda as próximas decisões do Ministério Público e da Justiça Federal.
Foto destaque: Renato Cariani (Reprodução/Instagram/renato_cariani)