Após os temporais que atingiu o Rio Grande do Sul na semana passada, (29) de abril, o Rio Guaíba que passa pelo estado, recebeu um volume de água muito acima do habitual, registrando uma marca história de 5,33 metros. Nesta terça-feira (7) o nível do rio ainda estava acima dos 5 metros e a previsão de baixa para o fim de semana é de aproximadamente 4 metros, caso não haja novas chuvas. Nível baixou apenas 20 cm em 24 horas e água seguem avançando nas ruas em Porto Alegre.
Cientistas do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) afirmaram que para que toda água abaixe poderá levar cerca de 30 dias abaixo do nível de inundação que é 2,30 metros. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mostraram em um gráfico, que o Rio Guaíba permanecerá acima dos 3 metros por mais ou menos dez dias, podendo até mesmo ultrapassar o prazo previsto.
Fernando Fan, professor do Instituto de Pesquisas Hidrólogo da UFRGRS, deu uma entrevista a imprensa, relembrando a cheia histórica de 1941, em que o centro de Porto Alegre, registrou um nível de 4,76 metros e só voltou ao nível de normalidade de 3 metros depois dos 32 dias. Segundo ainda o professor, há previsões de chuva para os próximos dias nas bacias dos Rios Taqueri, Antas e Jacuí, podendo até mesmo haver um repique e o nível do Rio Guaíba subir para os 5 metros. "A água avança em algumas vias em função do desligamento de algumas casas de bombas que ainda estavam em operação. Assim, alguns locais que estavam protegidos por elas acabam sendo inundados também".
Geografia
A capital de Porto Alegre, se localiza geograficamente ao nível do mar, dificultando o escoamento da água. Como forma de funil, o Rio Guaíba que banha o estado recebe as águas dos Rios Jacuí, Taquari, Sinos, Caí e Gravataí. Por conta do relevo, as águas desses rios escoam em alta velocidade até o Guaíba, onde se encontram e acumulam.
A água depois do Rio Guaíba, vai para a maior laguna da América do Sul, Lagoa do Patos, e então para no Oceano Atlântico, perto do Rio Grande, no sul do estado.
Os ventos que vieram do sul do litoral para o continente, empurraram as águas da Lagoa dos Patos no sentido contrário, favorecendo as inundações do Guaíba. As tempestades que se acumularam, nomeadas como as marés de tempestade, elevaram o nível do mar, dificultando ainda mais lenta a saída de água.
Nível do Rio Guaíba (Foto:Reprodução/G1)
Tragédia
Após enfrentar fortes temporais e cheias todo o estado, o boletim divulgado, registrou mais de 100 mortos, ainda são mais de 130 desaparecidos e 361 feridos.
Há 203,8 mil pessoas fora de casa. Um total de 48,1 mil em abrigos e 155,7 mil desalojados nas casas de amigos e parentes.
388 dos 497 municípios relatam algum problema relacionado ao temporal, e um total de 1,3 milhão de pessoas afetadas.
Com o avanço das águas do Rio Guaíba, ocasionou uma série de transtornos. Uma delas foi a rodoviária da capital ficando completamente inundada e todas as viagens de chegada e saída da cidade tiveram que ser canceladas. O Aeroporto Salgado Filho foi fechado por tempo indeterminado com o motivo de elevação no volume de chuvas.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), declarou na tarde da segunda-feira (6), aos moradores que deixassem a região, Cidade Baixa e Menino de Deus, registrando novos alagamentos em alguns trechos. Umas das vias chegou a ser usada dias antes como ponto de base para caminhões do Exército Brasileiro e ambulâncias que resgataram pacientes do Hospital Mãe de Deus.
E também o racionamento de água na Capital. O município estipula que 85% da população deve ficar sem abastecimento. Cinco das seis estações de tratamento de água estão paradas, porque alagaram e estam sob risco de provocar descargas elétricas.
Foto Destaque: Capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre inunda (Reprodução/AFP/Correio Braziliense)
