Nesta quinta-feira (12), o presidente da Coreia do Sul Yoon Suk Yeol, voltou a entrar em conflito com a Assembleia Nacional. Após a declaração de lei marcial ter fracassado, o presidente agora afirma em pronunciamento na TV que as eleições do país que elegeram os membros da assembleia foram hackeadas pela Coreia do Norte.
Yoon declarou lei marcial no país na semana passada, que foi prontamente derrubada pelos membros da Assembleia Nacional que chegaram a pular o muro para poder votar a derrubada da lei. Na declaração, o presidente afirma que decretou a lei marcial com o objetivo de livrar o país de uma “ditadura parlamentar de oposição” e que a oposição está tentando tirá-lo do cargo a todo custo.
"Lutarei até o fim para impedir que as forças e os grupos criminais responsáveis por paralisar o governo e alterar a ordem constitucional do país ameacem o futuro da República da Coreia" - afirmou o presidente durante o pronunciamento.
No momento, o presidente sul coreano está sendo investigado e deve responder processo criminal por insurreição. Além disso, também enfrenta um novo processo de impeachment após o primeiro ter sido reprovado em votação.
Presidente ordenou inspeção na Comissão Eleitoral
Durante o pronunciamento, o presidente também anunciou que determinou ao ministro da Defesa que faça uma inspeção no sistema da Comissão Eleitoral da Coreia do Sul.
Yoon afirmou durante pronunciamento que a Comissão Eleitoral foi hackeada pelo governo da Coreia do Norte no ano passado e que pelo fato de o órgão, que é independente, não ter cooperado com as investigações do governo sobre o caso e se recusou a permitir uma inspeção no sistema eleitoral usado durante as eleições parlamentares realizadas em abril deste ano.
População vê decreto de lei marcial como golpe (Foto: Jung Yeon-je /AFP)
O presidente ainda afirmou que essa acusação gerou uma insegurança sobre o sistema eleitoral que elegeu o novo parlamento e que por isso decretou a lei marcial na semana passada com o objetivo de proteger o país de uma ditadura oposicionista, que foi a chapa vencedora nas eleições parlamentares.
Por conta dessas acusações e da declaração de lei marcial, o presidente vem enfrentando dificuldades para conseguir aprovar projetos no parlamento, inclusive o orçamento governamental para 2025.
Presidente mudou de tom nas declarações
Não é a primeira vez que Yoon se pronuncia após decreto de lei marcial no país.No último sábado(07), o presidente foi à TV pedir desculpas afirmando ter declarado a medida por conta de desespero.
"Estou muito arrependido e gostaria de pedir sinceras desculpas ao povo que ficou chocado", disse o presidente durante pronunciamento no último sábado.
Hoje(12), o presidente mudou o tom em comparação à declaração feita no sábado. Agora, o presidente tenta justificar a medida usando a Coreia do Norte e alegando que a instauração de lei marcial não pode ser revisada pela justiça.
Foto destaque: Presidente Sul coreano durante pronunciamento ao país na tv (Reprodução/Presidência da Coreia do Sul/Yonhap)