A desigualdade de gênero no mundo é um problema estrutural que nenhum país conseguiu equacionar completamente e vai além do mercado de trabalho. Na maioria dos países a mulher tem menos oportunidades de crescimento profissional e recebe menos do que colegas homens ao desempenhar uma mesma função.
O Fórum Econômico Mundial, organização sem fins lucrativos que realiza encontros anuais em Davos, na Suíça, reúnem empresários e líderes de todo o mundo, elabora desde 2006 um indicador que procura agregar essas diferentes dimensões da desigualdade de gênero, divulgado pelo Relatório Global de Diferença de Gênero.
A edição de 2022 do Global Gender Gap Report ("Relatório Global de Desigualdade de Gênero", em tradução livre) tem quatro pilares — saúde e sobrevivência, grau de instrução, participação econômica e oportunidades, empoderamento político —, cada um deles com uma série de indicadores, onde compara 146 países, fornecendo uma base para análises robustas entre países.
O Brasil está mal posicionado no ranking e ganhou o 94º lugar entre 146 nações e vem piorando sua colocação desde 2020.
Neste relatório o Brasil está mal posicionado no ranking e ganhou o 94º lugar entre 146 nações, e vem piorando sua colocação desde 2020, quando ocupava o 92º lugar.
O Brasil avança ainda mais devagar no combate à desigualdade de gênero, devido a maior parte das políticas de gênero historicamente esteve voltada para a violência contra a mulher por conta da própria gravidade do problema no país.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres discursou, na reunião anual do Fórum Econômico Mundial 2023, realizada em janeiro, citou a recessão, e disse que muitos países estão enfrentando a desaceleração global. Ele destacou o aprofundamento das desigualdades e a crise do custo de vida que afeta principalmente mulheres e meninas, em todo o mundo.
A paridade de gênero não está se recuperando, de acordo com o Relatório Global de 2022. Levará mais 132 anos para fechar a lacuna global de gênero. À medida que as crises se agravam, os resultados da força de trabalho das mulheres sofrem e o risco de retrocesso na paridade global de gênero se intensifica ainda mais.
O relatório de 2022 também destaca o impacto da Covid-19 e afirma que "a perda de emprego por conta da pandemia foi significativamente pior para as mulheres do que para os homens, ao contrário de outras recessões na história recente, que afetou mais trabalhadores homens".
Entre os países da América Latina e Caribe, o índice do Brasil é um dos piores e o progresso para combater a desigualdade de gênero é lento. Segundo especialistas, a piora no ranking mostra o efeito de um retrocesso em políticas públicas relacionadas ao tema e a maior taxa de desemprego entre as mulheres na pandemia.
Governo Brasileiro promete medidas
O governo brasileiro está preparando uma proposta de lei, a ser anunciada no próximo dia 8 de março, para garantir que mulheres e homens que ocupem as mesmas funções recebam os mesmos salários.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, antecipou que o Governo Federal vai enviar um Projeto de Lei para o Congresso Nacional para abordar a garantia de equidade salarial entre homens e mulheres. “A lei é o primeiro passo, mas sabemos que a discriminação é cultural, é estrutural, e depois, a médio prazo, par e passo com políticas públicas e divulgação através da mídia, conseguiremos alcançar essa igualdade, que é a base para a igualdade de direitos”, disse. Conforme divulgado pela assessoria de comunicação da Presidência da República.
Foto destaque: O progresso para combater a desigualdade de gênero é lento, mas no Brasil é ainda mais devagar (Arquivo/Pixabay)