Um levantamento internacional realizado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) aponta que 73% dos estudantes brasileiros de 15 anos enfrentam dificuldades em resolver problemas matemáticos simples. Essa porcentagem contrasta significativamente com a média de 31% registrada pelos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e seus parceiros.
Tal constatação reflete a incapacidade desses jovens em realizar operações matemáticas básicas, como a conversão de moedas e a comparação de distâncias percorridas por um carro em diferentes trajetos.
No contexto global do Pisa, apenas 31% dos estudantes de 81 países participantes se encontram abaixo do nível 2, ressaltando a preocupante disparidade identificada no cenário educacional brasileiro.
Avaliação Internacional
O Pisa, avaliação internacional aplicada a cada três anos, visa medir o conhecimento dos estudantes em matemática, leitura e ciências. A última edição, originalmente planejada para 2021 mas adiada para 2022 devido à pandemia de Covid-19, revela que os resultados do Brasil variaram pouco em relação à edição anterior de 2018.
Em matemática, houve uma diminuição modesta de 5 pontos, de 384 para 379, enquanto em leitura e ciências as quedas foram de 2,5 e 0,6 pontos, respectivamente.
Professora lecionando (Foto: reprodução/Universidade de Brasília/Emília Silberstein)
Priscila Cruz, presidente-executiva da ONG Todos Pela Educação, aponta para um "completo descaso do governo federal" em contraste com esforços coordenados de estados e municípios para enfrentar as adversidades educacionais durante a pandemia.
Desafios Estruturais
Diversos fatores contribuem para a expressiva porcentagem de jovens brasileiros com dificuldades em matemática. Ao contrário da língua portuguesa, onde o contato diário é mais intenso, a matemática depende fortemente de bons professores e instituições de qualidade, um aspecto no qual o Brasil está aquém.
A carreira de professor, já pouco atrativa devido à remuneração e condições de trabalho, enfrenta desafios adicionais nos cursos de licenciatura em matemática, com baixa procura e alta evasão.
O Ministro da Educação, Camilo Santana, destaca esforços governamentais em políticas para fortalecer a formação de professores e melhorar indicadores educacionais.
Perspectivas Futuras
Os dados do Pisa 2022 indicam uma queda sem precedentes no desempenho dos alunos globalmente. Apenas 31 dos 81 países conseguiram manter ou melhorar suas notas em matemática, enquanto aproximadamente 25% dos 700 mil estudantes participantes tiveram baixo desempenho em todas as áreas avaliadas.
Apesar das notas ruins, o Brasil ascendeu no ranking mundial, ocupando a 65ª posição em matemática, a 52ª em leitura e a 62ª em ciências.
Priscila Cruz destaca que os esforços recentes no Brasil para implementar políticas educacionais, como a Base Nacional Comum Curricular e o Fundeb, impediram um retrocesso ainda maior.
Caminho para o Próximo Pisa
Priscila Cruz destaca dois pontos cruciais para melhorar o desempenho brasileiro no próximo Pisa: investir na formação de professores e direcionar recursos para a primeira infância.
O Ministro Camilo Santana reforça o compromisso com a qualidade da formação docente, incluindo a vigilância contra cursos de licenciatura à distância, e mantém a continuidade de outras iniciativas educacionais.
Foto destaque: Sala de aula do Centro Educacional Gisno (CEd Gisno), Asa Norte, Brasília/DF. (Reprodução/Agência Senado/Pillar Pedreira).