A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação na manhã desta terça-feira (19) para cumprir mandados de prisão preventiva contra quatro militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”, e um policial federal. Eles são suspeitos de elaborar um plano de golpe que incluía assassinatos de figuras de destaque do cenário político brasileiro, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Detalhes da investigação
Entre as ações planejadas pelo grupo estava o chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa a execução de Lula e Alckmin. Um outro documento relevou que o grupo cogitou a utilização de veneno ou de químicos que poderiam causar um colapso orgânico. Alexandre de Moraes seria preso e assassinado posteriormente. Segundo a PF, o plano era coordenado por uma organização criminosa composta por militares de alto nível técnico e experiência em operações especiais, que incluía um general da reserva.
A PF cumpriu todos os mandados de prisão preventiva em três estados — Rio de Janeiro, Goiás e Amazonas — e no Distrito Federal. Foram detidos o general da reserva Mario Fernandes, os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, além do policial federal Wladimir Matos Soares.
Envolvimento com o governo Bolsonaro e conexões financeiras
Mario Fernandes, apontado como um dos líderes do grupo, ocupou cargos de confiança durante o governo Bolsonaro, como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência. Ele também atuava como assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), mas foi afastado por decisão do STF. Fernandes foi preso no Rio de Janeiro enquanto estava de folga com a família.
Mensagens analisadas pela PF revelam que o tenente-coronel Rafael Martins solicitou R$ 100 mil ao então ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, para financiar caravanas de apoiadores ao acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Essas caravanas faziam parte da mobilização para pressionar contra o resultado das eleições de 2022.
Mauro Cid, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), em depoimento à CPI dos Atos de 8 de Janeiro (Foto: reprodução/ Pedro Ladeira/Folhapress)
Hélio Ferreira, outro militar preso, também tinha ligações próximas com Mauro Cid e era conhecido por fomentar desinformação sobre fraudes eleitorais. Ele participou de reuniões com outros membros das Forças Especiais para discutir estratégias golpistas.
Repercussão e medidas adotadas
Além das prisões, a operação cumpriu três mandados de busca e 15 medidas cautelares, como a proibição de contato entre os investigados, entrega de passaportes em 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Foto destaque: O Presidente da República, Lula, em evento sobre o plano Amazônia (Reprodução/Pedro Ladeira/Folhapress)