Nesta segunda-feira (21), o hacker Walter Delgatti Neto, investigado pelo vazamento de conversas de autoridades envolvidas na Operação Lava Jato, foi condenado a 20 anos e um mês de prisão pela Justiça Federal.
De acordo com juiz da sentença na operação Spoofing, Ricardo Augusto Soares Leites, substituto 10ª Vara Federal do Distrito Federal, ficou comprovado que Delgatti hackeou cerca de 126 autoridades.
“Seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado”, afirmou Ricardo Augusto.
O juiz ainda citou na sentença que Walter tentou vender à jornalistas, no valor de R$ 200 mil, as informações obtidas através das invasões cibernéticas.
“Se o intuito, realmente, fosse somente o de reparar injustiças, não teria hackeado o Ministro de Estado da Economia Paulo Guedes e Conselheiros do CNMP. A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões”, completou Soares.
Delgatti foi apontado pelo magistrado como “líder da organização criminosa”, já que outras quatro pessoas não somente atuavam juntamente com o hacker, como também foram condenadas.
Operação Spoofing
A Spoofing surgiu em 2019, para investigar a invasão e a interceptação de mensagens no Telegram – um aplicativo de mensagens – do então Ministro de Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro e de outros agentes de poder. Há época, Moro era o juiz incumbido da 1ª instância da Operação Lava Jato.
À Polícia Federal, o hacker confessou ter atacado as contas das autoridades, além de afirmar que vazou as informações obtidas ao The Intercept Brasil, mas sem receber qualquer benefício monetário em troca. Este crime ficou conhecido como “Vaza Jato”.
CPI dos Atos Golpistas
Apesar de ter sido condenado pela Spoofing, Delgatti já estava preso pela acusação de invadir sistemas eletrônicos do poder Judiciário, a mando da deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Depoimento de Walter Delgatti Neto à CPI dos Atos Golpistas.. (Foto: Reprodução/Geraldo Magela/Agência Senado).
De acordo com o hacker, em depoimento à CPI dos Atos Terroristas, Bolsonaro teria não somente o questionado se seria possível invadir às urnas eletrônicas, como lhe prometido um indulto (perdão presidencial), caso fosse condenado por envolvimento em ações contra as urnas.
Delgatti também afirmou que Duda Lima, um dos assessores do ex-presidente, teria pedido para criar um "código-fonte" falso para sugerir que a urna eletrônica seria passível de fraude.
Sobre o depoimento de Walter, a defesa de Bolsonaro diz que são “informações e alegações falsas” e que, por isso, irá acioná-lo judicialmente.
Foto destaque: Walter Delgatti Neto em depoimento à CPI. Reprodução/Lula Marques/Agência Brasil.