A Otan, aliança militar ocidental, realizou um encontro nesta terça-feira (3) para debater estratégias de enfrentamento a uma possível campanha de sabotagem promovida pela Rússia. Segundo a organização, os russos estariam realizando ataques contra a infraestrutura de vários países com o objetivo de enfraquecer o apoio europeu à Ucrânia.
Conflito em “Zona cinzenta”, “Guerra híbrida”, termos que deixam de ser abstratos. Nesta terça-feira (3), a Otan formalizou uma acusação contra Moscou.
"Nos últimos anos, a Rússia e a China tentaram desestabilizar nossas nações com atos de sabotagem, ataques cibernéticos, desinformação e chantagem energética para nos intimidar", comenta Mark Rutte, o secretário-geral da aliança militar do Ocidente.
imagem da OTAN (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Omar Havana)
Incidente com cabos submarinos
Esta é a essência da guerra híbrida: o emprego de diferentes métodos para alcançar objetivos políticos. No norte da Europa, a Otan encerrou recentemente a Operação Ventos Gelados, voltada para o combate a sabotagens no Mar Báltico.
Os exercícios militares reuniram mais de 30 navios, aeronaves e 4 mil soldados de 15 países. O Mar Báltico, cercado por oito membros da Otan e pela Rússia, tornou-se novamente palco de tensões. No mês passado, apenas dois dias antes do início das operações, dois cabos submarinos de fibra óptica foram danificados.
O governo sueco investiga a possível ligação de um navio cargueiro chinês, que teria partido da Rússia, com o incidente. A China rejeitou as acusações. Sobre o caso, o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, declarou:
"Ninguém acredita que esses cabos foram cortados acidentalmente. Então temos que concluir que foi uma ação 'híbrida'".
Ataques híbridos na Europa
Os ataques híbridos aumentaram significativamente em 2024. O governo de Vladimir Putin é acusado de orquestrar incêndios em empresas de diversos países europeus. Em julho, os serviços de segurança da Alemanha frustraram uma tentativa de assassinato contra Armin Papperger, presidente de uma empresa que fornece armamentos à Ucrânia.
Para enfrentar essa guerra híbrida, a Otan busca intensificar a troca de informações entre os serviços de inteligência. Reunidos em Bruxelas, os ministros das Relações Exteriores da aliança discutem novas estratégias.
Segundo Keir Giles, especialista em Rússia da Chatham House, em Londres, as ações russas aparentam ser preparativos para uma ofensiva militar mais ampla. O objetivo seria dividir a Europa, espalhar medo entre as populações e desestimular o apoio à Ucrânia.
Giles também avalia que a Otan, especialmente os Estados Unidos, ainda não impuseram penalidades suficientemente severas para dissuadir o Kremlin de continuar causando estragos no continente.
Foto Destaque: OTAN e Rússia (Reprodução/CERIS)