Segundo o Dossiê da Mulher 2023, produzido pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), orgão vinculado ao governo do estado, o Rio de Janeiro registrou alta nos casos de violência contra mulher, inclusive em um tipo não muito discutido: a patrimonial. De acordo com o documento, a violência patrimonial aumentou 11,7% em 2022 se comparado ao ano anterior. Pelo segundo ano consecutivo, houve um aumento dessa forma de violência no estado do Rio de Janeiro.
Além da violência física, a Lei Maria da Penha também enquadra como violência a patrimonial, psicológica, moral e sexual.
Gráfico mostra mulheres vítimas de violência patriomonial por regiões do estado (Foto: reprodução/Dossiê Mulher 2023)
A violência patrimonial, prevista no artigo 7, é caracterizada pela privação dos bens, instrumentos de trabalho, valores ou recursos econômicos e pertences e documentos como forma de manter a mulher presa à relação, dentro dessa dinâmica de violência.
“Algumas formas de violência contra a mulher são bem menos divulgadas, como é o caso da violência patrimonial. Por isso, a exposição desses dados é tão importante, não apenas para o direcionamento de políticas públicas, com base em evidências, e para o acolhimento das mulheres, mas também para mostrar que essas ações não são normais e precisam ser denunciadas”, é o que afirma a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz, ao jornal O Globo.
Naiara Azevedo denunciou ex-marido
O caso da cantora e ex-BBB Naiara Azevedo, que denunciou o ex-companheiro, Rafael Cabral, na madrugada do último sábado (2), ilustra bem a situação e dá destaque ao tema, encorajando outras vítimas a procurarem ajuda.
Em entrevista ao Fantástico, a cantora revelou que o marido lhe dava apenas mil reais por mês. "Os dois primeiros anos de minha carreira, com maior faturamento, de 4, 5, 7 milhões, sabe quanto eu tirava por mês? Mil reais. Ele dizia: 'Para que você quer dinheiro, você tem tudo. Mil reais não dá pra você viver?'. Eu não tinha acesso a nada”, relatou Naiara.
"É uma coisa muito difícil. Não julgo quem passa por uma situação abusiva", diz Naiara ao Fantástico (Foto: reprodução/Fantástico/ O Globo)
Denuncie a violência
Além da opção de ligar para o 190 em situações de emergência, a vítima pode procurar a Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) ou um Centro Especializado de Atendimento à Mulher.
Outra ferramenta importante é o aplicativo Rede Mulher, gratuito e desenvolvido pelo Governo do Estado em parceria com a PM. Nele, além da mulher encontrar informações sobre como solicitar pedido de medida protetiva e uma lista com os endereços dos centros especializados de atendimento à mulher em todo estado do Rio, há também a possibilidade de fazer um registro de ocorrência online.
Foto destaque: mulheres protestam contra violência de gênero (Reprodução/Bruno Santos/FolhaPress)