Alguns registros feitos pelo Atlas da Violência foram divulgados na manhã desta segunda-feira (12), com dados e infográficos entre 2022 e 2023. Entre eles, destacam-se o crescimento de feminicídios, mesmo com a taxa de homicídios gerais em queda desde o ano passado.
A estagnação na taxa de mulheres assassinadas ainda assim contabiliza porcentagens maiores, diferente da taxa geral de homicídios, que, no documento, teve 0,5 de queda na média, registrando quase 1,5 mil pessoas a menos do que em 2022, quando a taxa de homicídios, dados feitos a cada 100 mil habitantes, registrou 21,7 na média. Na parte de feminicídios, a taxa segue em 3,5 desde 2021 registrando um aumento de 2,5% nos dois anos seguintes, sendo mais de 4 mil mulheres assassinadas, utilizando a mesma contagem de dados.
No relatório também foi possível observar o aumento da violência contra jovens menores de 18 anos, com um destaque maior entre crianças até quatro anos, onde a negligência se mantém como a mais recorrente.
Feminicídio
A violência doméstica contra a mulher atinge não só mulheres adultas, mas também crianças e adolescentes. Os casos que levam a assassinato pela violência dentro de casa são quase 1/3 na taxa total de feminicídios e faz parte de mais de 60% dos atendimentos a mulheres no sistema de saúde relacionados a agressões.
Ilustração pela luta contra a violência a mulher negra (Foto: reprodução/Unsplash+/TehangatSudio)
Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), analisa os relatórios sobre violência e destaca como o percentual começa com a negligência entre crianças pequenas e entre os 10 a 14 anos a violência sexual passa a ser muito maior. Dos 20 anos aos 69, a violência sexual permanece e divide espaço com a violência física e verbal, e, depois dos 70 anos, a negligência destaca-se novamente, e chega a atingir números maiores do que em crianças de 0 a 9 anos, que já possuem um registro alto da violência.
Nos registros
No ano passado, a região amazônica teve as maiores taxas de feminicídio no país. Roraima e Tocantins foram os únicos estados a permanecerem estáveis sem acréscimos percentuais. Junto ao Amazonas, mais nove estados tiveram um agravamento nas taxas e os quinze estados restantes tiveram uma queda, como por exemplo, o Mato Grosso do Sul, com -32% nos dados registrados.
Dentro dos relatórios sobre feminicídio, quase 70% dos casos são de mulheres negras que fazem parte de 7 a cada 10 casos de violência do âmbito familiar. Além da violência de gênero, a desigualdade social e o racismo tornam as mulheres negras vítimas muito mais vulneráveis em situações de risco, seja em casa ou na rua.
Com 2,7 vezes mais chances de sofrer violência que acabe em homicídio, pessoas negras são 77% das vítimas registradas em 2023. Outros dados mostram que mais de 6 mil mortes foram por intervenção policial no ano e que a violência contra a comunidade LGBTQIAPN+ também aumentou, sendo 35% a mais contra homossexuais e bissexuais, e 43% em casos contra pessoas trans. A violência contra mulheres trans/travestis teve o maior aumento, com 1.110% nas taxas de agressão e feminicídio.
No site do Atlas da Violência, é possível encontrar o relatório anual produzido pelo Ipea junto ao FBSP, com o documento completo, registros de anos anteriores e versões infográficas dos dados.
Foto destaque: Vetor ilustração contra a violência de gênero (Reprodução/Freepik)