Em delação premiada à Polícia Federal, Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma reunião com comandantes das Forças Armadas para discutir a possibilidade de um golpe militar. A informação foi divulgada pelo jornal “O Globo”, pela jornalista Bela Megale.
Em resposta, o ministro da Defesa José Múcio Monteiro afirmou que esta artimanha não interessava às Forças Armadas como um todo, mas apenas a alguns membros: "Uma coisa eu tenho absolutamente certeza cristalina é que o golpe não interessou em momento nenhum às Forças Armadas. São atitudes isoladas de componentes das Forças", disse.
Relato de Mauro Cid
No depoimento à PF, o tenente-coronel Mauro Cid afirma que Jair Bolsonaro havia se reunido com as Forças Armadas e ministros da ala militar em 2022. Este encontro tinha como objetivo planejar um esboço de plano com a possibilidade de uma intervenção militar. O tenente-coronel confirmou que estava presente na reunião.
Além disso, segundo o “O Globo”, Mauro Cid também disse que o “então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente”.
Caso o plano de golpe fosse efetivado, a troca do governo federal do Brasil seria impedida.
O tenente-coronel Mauro Cid na CPMI do 8 de janeiro (Foto: reprodução/Lula Marques/Agência Brasil)
Investigação da PF
A Polícia Federal, a partir dos relatos de Mauro Cid, investiga se a minuta encontrada na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, condiz com a reunião citada pelo tenente-coronel.
O projeto do plano sugeria a convocação de uma nova eleição, caso o ex-presidente não fosse eleito, e a prisão de adversários por supostas irregularidades.
Defesa de Bolsonaro
A defesa do ex-presidente, Jair Bolsonaro, escreveu uma nota afirmando que, ao longo do seu governo, ele nunca esteve presente em qualquer movimento ou projeto que não concordasse com a lei.
Nesse sentido, a defesa afirma que as atitudes de Jair Bolsonaro nunca afrontaram os limites e garantias estabelecidas pela Constituição e o Estado Democrático de Direito. No fim da nota, reiterou que os advogados tomarão as medidas judiciais cabíveis contra toda e qualquer manifestação caluniosa.
Foto destaque: Mauro Cid em depoimento. Reprodução/Lula Marques/Agência Brasil/Folha PE