Nesta segunda-feira (28), em seu programa semanal na TV, o presidente venezuelano Nicolás Maduro fez um apelo ao presidente brasileiro Lula para que se pronuncie sobre o recente veto à entrada da Venezuela no grupo Brics que atualmente é composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A exclusão da Venezuela gerou polêmica e levantou questões sobre a influência dos EUA nas decisões diplomáticas da região.
Relações diplomáticas sob pressão
Maduro alegou que o veto reflete uma postura da chancelaria brasileira, que, segundo ele, estaria muito ligada ao Departamento de Estado americano. A preocupação do presidente venezuelano veio após a recente ampliação do Brics, que inclui seis novos países, como a Arábia Saudita e o Irã, mas deixou de fora nações como a Venezuela. Em sua transmissão de TV, Maduro questionou diretamente a postura do Brasil e do Itamaraty, reforçando a necessidade de um posicionamento claro sobre o assunto.
presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fala durante um evento no Palácio do Planalto (Foto: reprodução/Claudio Reis/Getty Image Embed)
Maduro fez questão de não responsabilizar de forma direta o presidente Lula, mas sim os funcionários da chancelaria Brasileira. Para o governo venezuelano, o Brics é visto como uma plataforma importante para desafiar a economia e política dos Estados Unidos no cenário global. Eles acreditam que a entrada do país no grupo seria um passo estratégico para fortalecer essa agenda.
Impacto nas relações Brasil-Venezuela
O pedido público de Maduro para um esclarecimento pode aumentar as tensões entre os dois países. Ainda que Lula e Maduro tenham se reunido algumas vezes nos últimos anos, uma possível pressão dos EUA sobre a chancelaria brasileira poderia impactar a frequência e a intensidade dessas cooperações.
Maduro diz que a Venezuela continuará buscando formas de integrar o Brics, mesmo sem o apoio brasileiro, considerando que o grupo representa uma via alternativa ao sistema econômico liderado pelos EUA. “Devemos esperar resultados dos nossos próprios esforços, nunca depender de ninguém, seja quem for. Não dependemos do Brasil para nada, nem de ninguém", ressaltou o presidente venezuelano.
A relação entre Brasil e Venezuela, embora ainda cordial, pode entrar em um período de maior tensão, especialmente se a pressão pública de Maduro intensificar a necessidade de um posicionamento de Lula sobre o futuro da Venezuela no Brics.
Foto destaque presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na cúpula do BRICS em Kazan (Reprodução/ Alexander Zemlianichenko/ POOL/AFP/ Getty Imagens Embed)