O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (5) que "mantém uma relação de confiança" com o Brasil, a China e a Índia. Ele ressaltou que os três países poderiam atuar como "mediadores" em negociações para acabar com a guerra da Rússia com a Ucrânia.
"Respeitamos nossos amigos e parceiros que, acredito, estão sinceramente interessados em resolver todas as questões relacionadas a esse conflito, principalmente a República Popular da China, o Brasil e a Índia", disse Putin. A fala ocorreu no Fórum Econômico Oriental, na cidade de Vladivostok, que fica próxima da fronteira da Rússia com a China e a Coreia do Norte. O presidente disse que mantém constante contato com os principais líderes destes países, que buscam sinceramente a ajudar a resolver os detalhes do processo, que é complicado.
Putin ainda deu a entender que alguns negociadores russos e ucranianos já haviam tido um acordo previamente em Istambul, na Turquia, quando a guerra havia acabado de começar. Porém, o acordo nunca foi implementado, mas, ainda assim, poderia servir de base para possíveis novas negociações. Segundo ele, a Rússia nunca recusou negociações de paz com a Ucrânia. "Se a Ucrânia tiver interesse em continuar com as negociações, eu posso fazer isso", disse.
Vladimir Putin, presidente da Rússia (Foto: reprodução/CNN)
Uma agência estatal de notícias da Rússia, a "RIA", por meio do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que o país não vê nenhum pré-requisito para negociações de paz com a Ucrânia no momento. Já a agência "TASS", também por meio de Peskov, disse que as autoridades russas não estavam discutindo uma nova mobilização.
O lado ucraniano
Na Ucrânia, veio um sinal de que os países integrantes do Brics poderiam servir como uma espécie de interlocutores com a Rússia, e foram convidados para a Cúpula de Paz, que aconteceu na Suíça. A China, porém, negou o convite. O Brasil, a África do Sul e a Índia não assinaram o documento final, e participaram apenas como observador.
O envolvimento do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, declarou que a negociação precisaria envolver os dois lados do conflito, e não só a Ucrânia. Celso Amorim, assessor especial do Planalto, assinou um documento tratando sobre a guerra na Ucrânia. "O Brasil e China apoiam uma conferência internacional de paz realizada em um momento apropriado, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes relevantes, além de uma discussão justa de todos os planos de paz", dizia o documento.
Desde que assumiu a presidência, Lula tentou ser um “mediador” do conflito, propondo um “Clube da Paz” para a guerra. A ideia, que chegou a ser elogiada pela Rússia, nunca avançou. Após dizer que os dois lados seriam responsáveis pelo conflito e que os Estados Unidos e a Europa estariam prolongando a guerra, surgiram mais polêmicas e a ideia original do presidente foi deixada de lado.
Negociações em pausa
Na semana passada, a Ucrânia lançou uma incursão surpresa em Kursk, na Rússia. Como retaliação, a Rússia anunciou que as negociações de paz com a Ucrânia farão “uma longa pausa”. O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Rodion Miroshnik, reforçou essa ação em coletiva de imprensa, e disse que a ação da Ucrânia foi feita somente para interromper as negociações.
Foto Destaque: Vladimir Putin (Reprodução/Folha)
