Durante o pontificado de Francisco, o número de mulheres em posições de destaque no Vaticano aumentou significativamente, o que reflete uma mudança nas estruturas de liderança da Igreja Católica.
Aumento da presença feminina na administração vaticana
Desde 2013, com o início do pontificado franciscano, a participação feminina no Vaticano cresceu de forma notável. O número de mulheres empregadas na Santa Sé e no Estado da Cidade do Vaticano passou de 846 para 1.165 em dez anos, o que significa o aumento de 19,2% para 23,4% no total de funcionários.
Na Cúria Romana, o aumento foi ainda mais expressivo, visto que a proporção de mulheres subiu de 19,3% para 26,1% nesse mesmo período. Esse crescimento é consequência da política de Francisco de promover maior inclusão feminina em cargos de liderança.
Historicamente, o processo de nomeação de mulheres para funções de alto nível dentro do Vaticano começou sob o pontificado de Paulo VI, mas enfrentou um longo intervalo até que, em 2004, João Paulo II nomeou uma subsecretária. Francisco deu continuidade a esse processo com uma série de nomeações inéditas em diversas áreas da estrutura eclesiástica.
Apesar dessas mudanças, não alterou a posição oficial da Igreja sobre a ordenação de mulheres. Elas continuam sem acesso ao sacerdócio ou ao diaconato, limites ainda respeitados mesmo com o avanço institucional em outras frentes.
Nomeações pioneiras
Em março deste ano, a irmã Raffaella Petrini foi nomeada presidente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, sendo a primeira mulher a assumir o mais alto cargo da administração civil vaticana, com funções de gestão que respondem diretamente ao Papa. Antes disso, Petrini já havia sido nomeada secretária-geral do mesmo órgão em 2021, cargo que também representou um avanço inédito para mulheres na estrutura da Santa Sé. A irmã francesa Nathalie Becquart também teve destaque ao ser nomeada, em fevereiro de 2021, subsecretária do Sínodo dos Bispos. Com essa designação, tornou-se a primeira mulher com direito a voto em uma assembleia sinodal.
Na área diplomática, Francesca Di Giovanni foi nomeada subsecretária da Seção para as Relações com os Estados, em janeiro de 2020, e foi a primeira mulher a assumir esse posto no setor multilateral da Secretaria de Estado, após mais de duas décadas de trabalho no órgão.
A irmã Alessandra Smerilli, economista italiana, é a atual secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Sua nomeação reforçou a presença feminina nas discussões sobre questões sociais e econômicas no Vaticano.
Outra nomeação de destaque foi a da historiadora de arte Barbara Jatta, diretora dos Museus do Vaticano desde 2016, se tornando a primeira mulher responsável pelas coleções pontifícias em uma das mais importantes instituições culturais da Igreja.
No campo da comunicação, a jornalista brasileira Cristiane Murray foi nomeada vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé em 2019, contribuindo com a estratégia oficial de comunicação do Vaticano.
Cristiane Murray na Visita Ad Limina em 2022 (Vídeo: reprodução/YouTube/CNBB Sul 3)
Em janeiro de 2025, a freira Simona Brambilla foi nomeada prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Ela se tornou a primeira mulher a liderar essa instituição, responsável por supervisionar ordens religiosas masculinas e femininas em todo o mundo.
Foto Destaque: Francisco no Vaticano segurando a mão da cantora Patti Smith (Reprodução/X/@VaticanNews)
