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Inquérito revela que Djidja sofria torturas físicas praticadas pela própria mãe

Em seu depoimento à polícia, a funcionária da família relatou que Djidja estava debilitada e mal conseguia se proteger

04 Set 2024 - 09h40 | Atualizado em 04 Set 2024 - 09h40
Inquérito revela que Djidja sofria torturas físicas praticadas pela própria mãe Lorena Bueri

A polícia constatou que Djidja Cardoso, a ex-sinhazinha do Boi Garantido encontrada morta em maio deste ano, era submetida a torturas físicas pela própria mãe, a empresária Cleusimar Cardoso.

Abusos, dependência e denúncias familiares

Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja, e seu irmão Ademar Cardoso estão presos desde 30 de maio. De acordo com as investigações policiais, a família fundou o grupo religioso "Pai, Mãe, Vida", que fazia uso indiscriminado de cetamina, uma droga sintética utilizada tanto em humanos quanto em animais.

O documento apresenta novos depoimentos de testemunhas do caso, que ganhou repercussão nacional, incluindo o da empregada doméstica que trabalhava na casa da família Cardoso desde 2022.

À polícia, a funcionária relatou que Cleusimar Cardoso apresentava um comportamento agressivo e frequentemente machucava Djidja, chegando a puxar violentamente seus cabelos, beliscá-la e torcer seu braço.

"Djidja estava enfraquecida, mal conseguia se defender e sempre pedia que Cleusimar parasse com as agressões", afirmou. Um vídeo anexado ao inquérito mostra Djidja com um corte profundo no couro cabeludo, mas as imagens não esclarecem a origem do ferimento.

Além das agressões, a empregada afirmou que o uso da droga sintética foi se tornando cada vez mais frequente ao longo dos anos, assim como o anabolizante Potenay, um químico usado originalmente para a recuperação física de animais de grande porte.

Ela também revelou que era comum ver Djidja e Ademar pedindo analgésicos por telefone, logo pela manhã, durante o café. A empregada mencionou ainda que a família utilizava um código para solicitar as drogas. Quando compradas, as substâncias eram divididas em 20 ml para Djidja, 20 ml para Ademar, e 10 ml para Cleusimar.

Outros familiares de Djidja já tinham conhecimento de sua dependência química e denunciaram o caso à polícia um ano antes de sua morte. Segundo um registro, uma parente relatou que a empresária não podia receber visitas nem sair de casa, pois estava constantemente sob o efeito da droga.

"Ela ficou extremamente dependente e não conseguia mais viver sem. Tentamos intervir várias vezes, registramos boletins de ocorrência, mas a mãe e os funcionários impediram nosso acesso. Não podíamos fazer nada", afirmou.


Foto de  Djidja Cardoso (Reprodução/instagram/@djidjacardoso)


Investigação e prisões no caso Djidja

Djidja Cardoso, empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido, foi encontrada morta em sua casa em Manaus, no dia 28 de maio. A principal suspeita é que ela tenha sofrido uma overdose de cetamina.

Ela, seu irmão e sua mãe já eram investigados há mais de um mês por participação em um grupo religioso que forçava o uso da droga com a promessa de atingir uma falsa plenitude espiritual. Frascos de cetamina foram encontrados na residência de Djidja e em salões de beleza pertencentes à família.

Dois dias após a morte de Djidja, a mãe, o irmão e outros três funcionários foram presos pela Polícia Civil, acusados de tráfico de drogas, associação para o tráfico e, no caso de Ademar Farias, irmão de Djidja, também de estupro.

Em 26 de julho, a Justiça do Amazonas acatou a denúncia do Ministério Público (MP) contra Cleusimar, Ademar e o ex-namorado de Djidja, Bruno Roberto da Silva, por tráfico de drogas, tornando-os réus. Outras sete pessoas também foram denunciadas por envolvimento no crime.

Até o momento, o Ministério Público apresentou denúncia apenas por tráfico de drogas, mas outras promotorias de Justiça podem acusar os envolvidos por crimes adicionais, como charlatanismo, curandeirismo, estupro de vulnerável, e organização criminosa, entre outros.

Foto Destaque: Djidja, a mãe Cleusimar Cardoso e o irmão, Ademar Cardoso (Reprodução/Arquivo pessoal)

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