Após a tomada de poder do Níger, que consagrou o general - e até então chefe da guarda presidencial de Mohamed Bazoum - Abdourahamane Tiani como líder e representante máximo do novo regime, a França manifestou que planeja retirar cidadãos franceses e europeus do país da África Ocidental, segundo sua ministra, Catherine Colonna, de Relações Exteriores.
Conforme dito pela ministra: “Considerando o golpe em andamento no Níger e o fato de que a situação continua preocupante, decidimos garantir que os cidadãos franceses que desejam deixar o Níger possam fazê-lo”, à LCI, TV da França.
As consequências do golpe
Em decorrência do golpe militar, as fronteiras para voos comerciais foram fechadas. Além disso, os aliados do país temem pela perda de influência para a Rússia, aumentando também os temores de segurança, tendo em vista que grupos ligados ao Estado Islâmico e à Al Qaeda vêm ganhando terreno na área há anos.
Apoiadores da junta militar queimaram bandeiras francesas e atacaram sua embaixada, Niamei, localizada na capital de Níger. A França mantém tropas em Sahel, que combate insurgência islâmica, porém, moradores locais afirmam que não querem interferências de seu ex-governante em seus assuntos.
Niamey: Manifestantes marcham até à embaixada francesa. (Vídeo: reprodução/Youtube/VOA Português)
Os soldados de Tiani fecharam Bazoum em seu palácio e desde então a constituição do país foi suspensa e o governo dissolvido, restando como líderes do poder legislativo e executivo os representantes do CNSP (Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria). O general, e agora novo chefe de Estado e sua junta, alegam que por Mohamed houve uma piora na segurança e má governança. Em contrapartida, a reação dos demais países africanos, potências ocidentais, organizações regionais e internacionais, ao tomarem conhecimento do golpe, insistiram na libertação do presidente, restaurando a ordem constitucional.
As ameaças de Tiani
Níger faz fronteira com três países: Mali, Burkina Faso e Chade, todos também sofreram golpes militares nos últimos dois anos. Tiani alertou contra qualquer tentativa de resgatar Bazoum, que encontra-se detido com sua família no palácio e acrescentou que, havendo intervenção militar estrangeira, o resultado seria “massacre da população do Níger e caos”.
Abdourahamane Tiani durante aparição na TV estatal de Níger se apresentando como o novo presidente do país. (Foto: Reprodução/Bloomberg)
A ministra Catherine Colonna pronunciou que as retiradas de cidadãos franceses e europeus que desejassem deixar Níger seriam feitas por aviões na última terça (01). A estimativa era que se findasse o retorno de todos em 24 horas. A Itália, no mesmo dia, afirmou que também ofereceria voo especial para repatriar seus cidadãos. Colonna manifestou que os países europeus que enviam aviões de retirada coordenarão seus esforços. Estados Unidos, Alemanha e Itália possuem tropas no Níger em missões de treinamento e contra a insurgência, porém, até o momento não houve anunciaram retirada de tropas.
Foto Destaque: Catherine Colonna, ministra dos Negócios Estrangeiros, em Rabat. Reprodução/BFMTV/Fadel Senna/AFP