As franquias da rede de fast-food McDonald’s no Oriente Médio encontram-se no centro de uma disputa polarizada devido ao conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
Enquanto as franquias em Israel tomaram a iniciativa de apoiar os soldados e forças de segurança após o ataque ocorrido no início deste mês, que resultou em vítimas fatais e sequestros, os franqueados do Kuwait e do Paquistão se posicionam de maneira contrária.
As franquias do McDonald’s em Israel têm oferecido descontos a soldados e forças de segurança israelenses desde o ataque do Hamas. Essa ação desencadeou uma polarização com os outros franqueados na região, que por sua vez apoiam as ações do grupo extremista Hamas.
Restaurante do McDonald’s durante a noite (Foto: reprodução/Pexels/Mikechie Esparagoza)
Refeições gratuitas
Até o momento, a franquia do McDonald’s em Israel distribuiu cerca de 100 mil refeições gratuitas, uma ação considerada como um gesto de apoio às forças de segurança israelenses. No entanto, essa iniciativa gerou uma reação negativa de grupos no Kuwait e no Paquistão, que expressaram apoio a Gaza.
O conflito desencadeou uma complexidade no modelo de franquias do McDonald’s, no qual restaurantes de propriedade e operação independentes podem tomar decisões separadas da empresa.
Essa complexidade levanta questões de percepção pública quanto à distinção entre os franqueados locais e a própria corporação, o que pode levar a interpretações equivocadas quanto ao posicionamento da rede.
Modelo de franquia
Em face de uma crise que envolve guerra e vidas humanas, o modelo de franquia que permitiu uma expansão global, transformando o McDonald’s na maior rede de fast-food do mundo, a organização enfrenta o seu maior dilema.
Com franqueados atuando de maneira independente, a empresa não pode controlar suas respostas a eventos como esse. Especialistas destacam que o McDonald’s enfrenta um desafio de alta gravidade para manter o controle em situações de crise.
Até o momento, a posição oficial da empresa optou por não se posicionar diretamente sobre a guerra, devido à complexidade do tema, mas está priorizando a segurança de seus franqueados.
No entanto, a empresa anunciou uma doação de US$ 1 milhão, que será dividida igualmente entre a Cruz Vermelha e o Programa Mundial de Alimentos, para ajudar a região.
O grande dilema
O grande dilema se estende a muitas empresas internacionais que dependem de operadores de franquia locais para expandir seus negócios globalmente. Ao fazê-lo, elas cedem parte do controle, o que pode ser um desafio em situações de crise como essa.
Clientes com diversas opiniões, tanto contrárias quanto favoráveis a posicionamentos que apoiam lados opostos da guerra, não conseguem distinguir o pensamento da marca, o que representa um desafio de comunicação da empresa.
Nesse sentido, a uniformidade da marca, ou o posicionamento de neutralidade, que normalmente atrai os clientes, pode agora ser vista como um risco.
Oriente Médio
Operadores de franquia em diferentes países do Oriente Médio têm utilizado as redes sociais para esclarecer sua independência em relação à marca corporativa.
Como demonstra a sensibilidade do tema, o McDonald’s está enfrentando apelos a boicotes online e relatos de vandalismo nas lojas, o que pode colocar vidas humanas em risco.
Especialistas enfatizam a necessidade de empresas como o McDonald’s monitorarem de perto a reação da audiência local e global, uma vez que a percepção pública pode afetar a imagem da marca, mesmo quando a empresa se mantém neutra.
A descentralização do modelo de franquia pode funcionar a favor do McDonald’s, permitindo-lhes afirmar que, como entidade corporativa, não tomaram partido na questão. Essa neutralidade também pode ser interpretada como uma declaração em si.
Foto destaque: Arcos dourados do McDonald’s. Reprodução/Pixabay/Wikimedia Images
