A família de Vitória Chaves da Silva, jovem que passou por três transplantes de coração no Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, ingressou com uma ação judicial contra o hospital, a empresa de educação médica Inspirali e duas estudantes de medicina. No processo, os familiares pedem R$ 607 mil por danos morais, além de auxílio financeiro de R$ 25,5 mil para custear acompanhamento psicológico. O motivo é um vídeo publicado nas redes sociais que, segundo os parentes, expõe o caso de forma desrespeitosa.
O conteúdo foi divulgado no TikTok pelas estudantes Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano, que estavam em estágio de curta duração no InCor. Sem citar nomes, as duas comentam, de forma irônica, sobre uma paciente que teria passado por três transplantes e sugerem que um deles falhou por descuido com a medicação. A família afirma que se trata de Vitória, que faleceu em fevereiro deste ano após uma longa luta contra uma grave doença cardíaca.
Vídeo causa indignação
Conforme a petição, o vídeo caracteriza quebra de sigilo médico e falta de ética, além de gerar sofrimento emocional à família. Os pais de Vitória alegam que ela sempre foi rigorosa com os remédios e que as estudantes agiram com sarcasmo e falta de empatia. A publicação, gravada nas dependências do InCor, foi considerada ofensiva, e a família reforça que o histórico citado corresponde unicamente ao da jovem.
A defesa das estudantes nega qualquer intenção de exposição, alegando surpresa com um caso raro durante o estágio. Em vídeo de retratação, ambas afirmam que não tiveram acesso direto à paciente ou ao prontuário e que não sabiam sua identidade. Mesmo assim, o caso resultou em investigação por injúria, após queixa formal da família.
Estudantes que debocharam de paciente se manifestam em vídeo
Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeira Soares Foffano apareceram lado a lado em um vídeo onde se manifestaram sobre o caso de paciente
Leia: https://t.co/uJyNocQlQm pic.twitter.com/ewxyzd0sZT
Estudantes se manifestam em vídeo (Vídeo: reprodução/X/@Metropoles)
Jovem sonhava em ser médica
Vitória nasceu em Luziânia (GO) com uma rara cardiopatia congênita chamada Anomalia de Ebstein. Passou pelo primeiro transplante aos cinco anos, após parada cardíaca durante um cateterismo. Em 2016, precisou de um segundo transplante e, anos depois, desenvolveu rejeição ao órgão. Em 2023, enfrentou novo transplante, dessa vez de rim, e voltou à fila por outro coração.
Durante esse período, Vitória chegou a prestar o Enem mesmo internada, revelando o sonho de se tornar médica e ajudar crianças com doenças cardíacas. A jovem faleceu em fevereiro de 2024, aos 24 anos, após quase dois anos internada na UTI do InCor.
Foto destaque: Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano (Reprodução/X/@Metropoles)