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Estudo relaciona cloroquina a 17 mil mortes na primeira onda da COVID-19

Pesquisa liderada por cientistas de Lyon aponta 16.990 mortes associadas à hidroxicloroquina, sugerindo que tal número é apenas a ponta do iceberg

06 Jan 2024 - 11h29 | Atualizado em 06 Jan 2024 - 11h29
Estudo relaciona cloroquina a 17 mil mortes na primeira onda da COVID-19 Lorena Bueri

Um estudo recente, divulgado na revista científica Biomedicine & Pharmacotherapy, trouxe à tona uma conexão alarmante entre o uso da cloroquina no tratamento da COVID-19 e cerca de 17 mil mortes registradas durante a primeira onda da pandemia em 2020. A pesquisa abrangeu seis países, como Bélgica, França, Itália, Espanha, Turquia e Estados Unidos.

Sob a liderança de cientistas de Lyon, na França, uma equipe de pesquisadores conduziu uma análise abrangente, examinando 44 estudos de coorte realizados no período de março a agosto de 2020. Utilizando dados de hospitalizações por COVID-19, a taxa de prescrição de cloroquina e o número total de mortes, a pesquisa visava calcular o potencial impacto do uso desse medicamento.

Impacto global subestimado

Os resultados apontam para uma estimativa de 16.990 mortes associadas ao uso da hidroxicloroquina durante esse período, sinalizando que esses números podem ser apenas a “ponta do iceberg”. É crucial destacar que o estudo excluiu países como Brasil e Índia, que também adotaram amplamente o uso off-label da cloroquina.

O professor Jean-Christophe Lega, responsável pela pesquisa, ressalta a importância de reconhecer que essa estimativa de 16.990 mortes associadas ao uso de hidroxicloroquina durante esse período é aproximada. Ele enfatiza que o número total de mortes, ao longo de toda a pandemia, provavelmente é significativamente mais elevado.

A cloroquina emergiu como uma potencial opção de tratamento para a COVID-19, impulsionada por líderes como o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e o ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Contudo, pesquisas subsequentes levantaram dúvidas sobre sua eficácia, levando as agências de saúde a removerem o medicamento dos protocolos de tratamento.


Ex-presidente Bolsonaro foi um dos líderes a indicar o uso de hidroxocloroquina no tratamento da COVID-19Ex-presidente Bolsonaro foi um dos líderes a indicar o uso de hidroxocloroquina no tratamento da COVID-19 (Foto: reprodução/Carolina Antunes/PR) 


Alerta para regulação rigorosa no futuro

O estudo sublinha a importância de uma regulamentação rigorosa no acesso à prescrição off-label em futuras pandemias. A pesquisa ressalta que este resultado enfatiza a importância de regulamentar rigorosamente o acesso às prescrições off-label em futuros cenários pandêmicos.

O debate em torno do uso da cloroquina persiste, e este estudo contribui de maneira significativa para argumentos contra sua eficácia e segurança no tratamento da COVID-19. À medida que a comunidade científica continua a explorar terapias para a doença, a cloroquina permanece como um exemplo dos desafios enfrentados ao lidar com emergências de saúde globais.

 

Foto Destaque: hidroxicloroquina, remédio que está atrelado a cerca de 17 mil mortes em seis países na primeira onda da COVID-19 (Reprodução/Fernando Moreno/AFP)

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