Um estudante de medicina foi detido pela Polícia Federal acusado de fraudar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e realizar a prova em nome de outros candidatos. O caso ocorreu no estado do Pará, onde André Ataíde, um estudante do sétimo semestre de medicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA), foi preso sob suspeita de ter participado do esquema.
A prisão de Ataíde aconteceu em um apartamento localizado no bairro Umarizal, considerado uma região privilegiada de Belém. A operação, denominada “Passe Livre”, foi iniciada em 16 de fevereiro em Marabá, no sudeste do Pará. A PF informou que Ataíde é investigado por realizar o Enem para um parente em 2022 e para um amigo em 2023, ambos aprovados no exame.
O jovem de 23 anos foi capturado enquanto estava na residência de familiares, às 14h30, cumprindo um mandado de prisão preventiva. Ele é acusado de falsidade ideológica, uso de documento falso e estelionato, com agravante por ser cometido contra uma autarquia federal.
André Ataíde supostamente cobrou R$ 150 mil para realizar prova para outros candidatos que foram aprovados em medicina (Foto: Reprodução/Bertrand Guay/GettyImages Embed)
Ataíde, que possuía um histórico acadêmico proveitoso, teve complicações após a UEPA suspender ele e outros dois alunos de medicina envolvidos no inquérito. Após os procedimentos legais, o estudante foi encaminhado ao sistema penal.
A defesa do estudante, representada pelo advogado Diego Adriano Freires, argumenta que a prisão é desproporcional, considerando a cooperação de Ataíde desde o início das investigações, e planeja solicitar a revogação da prisão de seu cliente, alegando que as medidas tomadas são excessivamente severas.
Defesa nega fuga do estudante
A Polícia Federal, ao visitar a residência do suspeito, foi informada que a prisão era esperada pela família devido a evidências encontradas em seu dispositivo móvel. No entanto, a defesa contesta, afirmando que não houve tentativa de fuga, mas sim uma deslocação para realizar tratamento médico em Marabá.
O advogado de Ataíde, Diego Adriano Freires, ressalta que não havia restrições judiciais que impedissem a movimentação do investigado.
Entenda a investigação
Em uma operação iniciada em fevereiro, a Polícia Federal executou mandados de busca e apreensão sem realizar prisões imediatas. No entanto, um estudante de medicina agora é suspeito de obter aprovação no Enem por duas vezes, aprovando outros candidatos. As investigações revelaram que, com as notas obtidas fraudulentamente, dois indivíduos foram aceitos no curso de medicina na Universidade Estadual do Pará em Marabá, sem terem prestado o exame.
A análise forense identificou que as assinaturas e redações nos cartões de resposta do Enem não correspondiam aos verdadeiros inscritos. O suspeito também é aluno de medicina na UEPA. Além disso, a investigação encontrou evidências de outros delitos, como a realização de provas de vestibular para cursos de medicina em instituições privadas, produção de pornografia com menores de idade e falsificação de uma variedade de documentos.
O caso segue sob investigação, com a possibilidade de descobrir mais aprovações irregulares ligadas ao esquema. Se as suspeitas forem confirmadas, os envolvidos também poderão ser indiciados por crimes como falsidade ideológica e uso de documento falso.
Foto destaque: André Ataíde foi preso na tarde de sexta-feira (29) pela Polícia Federal (Reprodução/Portal Debate)
