Albert Einstein dizia: "Olhem para as estrelas e aprendam com elas". Daqui a 20 anos esse conselho poderá não mais fazer sentido para nós.
Cientistas descobriram que o uso crescente de diodos que emitem luz de LED e outros tipos de iluminação que agora estão iluminando o céu a noite em um ritmo alarmante, é a explicação para isso. A utilização indiscriminada de luzes externas, iluminações públicas, placas de publicidade e estádios esportivos iluminados está ofuscando o nosso avistamento das estrelas.
Astrônomos relataram em 2016 que a Via Láctea não podia mais ser vista por 1/3 da população e a poluição de luzes piorou muito desde então. Nas taxas atuais, muitas grandes constelações não serão mais decifráveis dentro de 20 anos, acredita a ciência. Segundo reportagem do "Guardian", o dano cultural e científico será grande.
O astrônomo real, Lord Martin Rees afirmou que: "O céu noturno faz parte da nossa natureza e seria uma grande perda se a próxima geração não o visse, assim como seria se nunca víssemos um ninho de pássaro", e também que: "Você não precisa ser astrônomo para se preocupar com isso. Não sou ornitólogo, mas se não houvesse pássaros cantando no meu jardim, eu me sentiria pobre.".
O Lord Rees é um dos criadores de um grupo científico do parlamento conjunto que há pouco tempo realizou um relatório solicitando algumas medidas para combater a problemática da poluição luminosa. Dentre as propostas, está nomear um ministro e criar uma comissão de céus escuros, e criar regras rígidas para a emissão, densidade e direcionamento das luzes.
A inclusão de um conjunto selecionado com cuidado de padrões de planejamento para controle da iluminação intrusa - reforçada por impacto legal e penalidades por não cumprimento- pode fazer uma grande diferença, destacou o comitê.
Poluição luminosa. (Foto: Reprodução/Denis Mironov/Olhar Digital)
Um estudo do físico Christopher Kyba, do Centro Alemão de Geociências, mostrou que a poluição de luzes faz com que o céu noturno fique mais claro a um valor de 10% por ano, um crescimento que ameaça destruir a visão de todas as estrelas, menos as que são mais brilhantes. O estudo descobriu que uma criança nascida quando 250 estrelas ainda são avistadas à noite hoje, só será capaz de ver cerca de 100 quando fizer 18 anos.
Essa nota corrobora resultados encontrados em outro estudo, divulgado em janeiro deste ano, sobre as mudanças no brilho do céu ao redor do mundo por conta da luz artificial. Neste estudo, os cientistas utilizaram informações astronômicas de 2011 a 2022 fornecidas por mais de 51 mil "cientistas cidadãos" ao redor do mundo. Os integrantes do projeto "Globe at Night" realizado pelo Laboratório Nacional de Pesquisa em Astronomia de Infravermelho Óptico dos Estados Unidos, ganharam mapas estelares e foi demandado que eles comparassem com o céu noturno em sua área.
A alteração na quantidade de estrelas vistas relatadas foi correspondente a um crescimento anual de brilho no céu de 9,6%, de acordo com a localização dos integrantes, segundo os pesquisadores.
A estrela que mais brilha a noite no céu da Terra é a Sirius (que significa luz), que já era de conhecimento dos povos antigos e cujo brilho perde apenas para a Lua e outros planetas, como, por exemplo, Vênus.
Foto destaque: Pessoas apontando as estrelas. Reprodução/den-belitsky/Canal Tech.