No último domingo (20) mais de 13 milhões de equatorianos foram às urnas após o país passar por um dos processos eleitorais mais violentos do mundo nos últimos anos. Os resultados das urnas deram um segundo turno entre a advogada de esquerda Luisa González, indicada pelo ex-presidente, Rafael Correa, e o empresário liberal de direita Daniel Noboa Azin.
González ficou em primeiro, com 33,11%. Já Noboa, ficou em segundo, com 23,98% dos votos. Em terceiro ficou a chapa do candidato assassinado, Fernando Villavicencio, que foi representada pelo jornalista Christian Zurita, com 16,51% dos votos.
O processo eleitoral no Equador foi marcado pela violência. Villavicencio foi assassinado a tiros quando saía de um comício, em Quito, capital do país. Um dia após sua morte, o carro da candidata à Assembleia Nacional do país, Estefany Puente, foi alvejado a tiros na cidade de Quevedo, a candidata sobreviveu ao atentado. Cinco dias depois dos dois episódios, Pedro Briones, dirigente do partido Revolução Cidadã, mesmo partido de Luisa González, foi assassinado a tiros.
Contexto das eleições
As eleições presidenciais no Equador deveriam e vão acontecer em 2025, mas foram antecipadas para este ano, após o presidente Guillermo Lasso acionar uma cláusula da constituição do país a chamada “morte cruzada”. Ela dissolveu a Assembleia do país e encurtou o seu mandato e, além disso, convocou um novo processo eleitoral no país. A constituição equatoriana concede ao presidente do país este poder nos seus primeiros três anos de governo. Esta cláusula nunca havia sido usada antes na história do país.
A medida foi tomada um dia após o início do julgamento político contra Lasso na Assembleia Nacional por sua suposta participação no crime de peculato, acusação que foi negada pelo ainda presidente do país. Desde então, Lasso tem governado o país por decreto. Apesar de ter direito a concorrer a eleição, o mandatário não a disputou.
Com isso o candidato ou candidata que for eleito ou eleita no segundo turno cumprirá o ano e meio restante do mandato atual de presidente, e poderá buscar a reeleição em 2025.
Os candidatos
Luisa González
Luisa González durante um discurso (Foto: reprodução/AGENCIA EFE)
Pela primeira vez em sua história, o Equador, pode ser liderado por uma mulher. Primeira colocada no primeiro turno e líder nas pesquisas de intenções de votos desde o início da convocação das eleições antecipadas, Luisa Magdalena González Alcívar, de 45 anos, nasceu em Quito, ela é candidata pelo partido Revolución Ciudadana (Revolução Cidadã).
Durante sua campanha, González defendeu os programas sociais implementados pelo ex-presidente Rafael Correa, que presidiu o país entre os anos de 2007 a 2017. Atualmente, o ex-mandatário está exilado na Bélgica, após ser condenado por corrupção.
Formada em Economia Internacional e Desenvolvimento pela Universidade Internacional do Equador. Luisa González fez mestrado e se tornou mestre em Alta Direção pelo Instituto de Estudos Nacionais Superiores, e em Economia Internacional e Desenvolvimento pela Universidade Complutense de Madri, na Espanha.
Durante sua carreira ocupou cargos governamentais. Durante o período entre 2011 e 2018, foi vice-cônsul do Equador em Madrid, vice-ministra do turismo do país e secretária geral do gabinete presidencial. Ao final do governo Correa, ela foi nomeada para ser secretária nacional do Parlamento Andino.
Em 2021, foi eleita para a assembleia nacional nas eleições legislativas. Pela coalizão Unión La Esperanza, González, foi escolhida para representar a província de Manabí. Durante o curto mandato de Guillermo Lasso, a candidata fez oposição ao governo. Tendo se destacado neste quesito, apesar de estar ocupando um cargo político pela primeira vez.
Durante a sua campanha, Luisa González se propôs a resolver a crescente criminalidade no país, a candidata de esquerda pretende fortalecer as instituições de segurança, fazendo um trabalho entre as forças armadas, a polícia e o ministério público. Já para a economia, a candidata afirmou à Reuters que ela US$ 2,5 bilhões (R$ 12,4 bilhões) das reservas internacionais para sustentar a economia do país que enfrenta dificuldades, e além disso também pretende investir em infraestrutura pública.
Durante sua campanha, González negou que, se eleita, perdoaria Rafael Correa.
Daniel Noboa
Daniel Correa usando um colete à prova de balas durante o debate presidêncial (Foto: reprodução/Rodrigo Buendia/AFP)
O empresário Daniel Roy-Gilchrist Noboa Azi, de 35 anos, nasceu na cidade de Guayaquil. Ele é empresário, filho do ex-candidato à presidência Álvaro Noboa Pontón, um dos maiores empresários do país. Daniel concorre pelo partido de direita “Acción Democrática Nacional” (Ação Democrática Nacional, na tradução em português).
Noboa é formado em administração de empresas pela Stern School of Business, em Nov York. Ele também possui formação em Comunicação Política e Governança Estratégica, pela Universidade George Washington, em Washington, nos Estados Unidos.
Como empresário, aos 18 anos, Noboa fundou sua própria empresa, a DNA Entertainment Group. No ano de 2010, ele começou a trabalhar na empresa do pai, Corporación Noboa.
Sua carreira política começou no ano de 2021, quando foi eleito para a Assembleia Nacional pela província de Santa Elena.
Sua campanha foi concentrada na criação de empregos, incentivos fiscais e segurança pública, além de prometer sentenças graves a sonegadores de impostos.
A principal proposta eleitoral de Daniel Noboa está dividida em 4 pontos chaves:social, econômico, institucional, produtivo e ambiental. O candidato afirmou que pretende combater a criminalidade e fortalecer as instituições de justiça e segurança do país.
Noboa foi a supresa na votação, ele emergiu como surpresa. Ele ganhou impulso após o único debate presidêncial, no qual apareceu de coletes à prova de balas e alegou que havia sofrido ameaças de morte.
Segundo turno
O segundo turno das eleições equatorianas está marcado para acontecer no dia 15 de outubro. O vencedor receberá as credenciais para governar o país no dia 30 de novembro, de acordo com o cronograma do órgão de governo eleitoral. O mandato durará até 2025, quem for eleito ou eleita poderá buscar a reeleição na próxima eleição.
Foto destaque: Luisa González e Daniel Noboa Azin. Reprodução/Instagram