O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) afirmou em sua audiência de custódia na Justiça Federal que atirou por cerca de 50 vezes em viatura da Polícia Federal (PF) que efetuava o mandato de prisão ordenado pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, no último domingo (23), mas diz que não teve a intenção de “ferir ou matar”.
“Não atirei em nenhum policial para ferir ou matar. Se eu assim desejasse, estariam todos mortos. Eu sou um hábil atirador, atiro há 50 anos, tenho curso de especialização, com o pessoal da SWAT e da SEAL. Eu faço 500 disparos por semana e sei atirar. Eu teria atirado nos quatro policiais se eu tivesse a intenção de feri-los. Não atirei em nenhum com esse objetivo e pedi desculpas à Polícia Federal porque tive notícia de que estilhaços da granada atingiram um dos policiais”, disse Jefferson.
Viatura da Polícia Federal atacada por ex-deputado federal do PTB, Roberto Jefferson (Foto: Reprodução/Grupo Independente)
Roberto Jefferson, que também é presidente do PTB, chegou a afirmar em seu depoimento que se o ministro Alexandre de Moraes o persegue e que se o ministro estivesse pessoalmente no caso, “a coisa seria diferente”.
“O ministro tem comigo um problema pessoal, me persegue por dois anos. A mim como pessoa e também ao PTB. Ele e o ministro Edson [Fachin]. Eles cortam parte do fundo partidário do PTB contra a lei, porque o partido se colocou contra o ativismo do STF. Ele diz que eu faço parte de uma milícia digital, mas eu acho que ele faz parte de uma milícia judicial no STF, por isso nós temos problemas”, declarou.
“Se o ministro Alexandre de Moraes fosse o chefe da diligência, a coisa seria diferente. Se ele tivesse coragem para me enfrentar. Deixou de ser a relação juiz e jurisdicionado. Ele proibiu minha família e meus advogados de me visitarem. Ele quebrou o PTB e destruiu nossa obra. Ele junto com o TSE. Todo mês, cortam o fundo partidário. Não é uma coisa de juiz e jurisdicionado, virou de homem para homem. Ele me humilhou e humilhou a minha Ana. A mesma fibra ele tem, como eu tenho, a audácia dos canalhas. Só que nós precisamos nos encontrar pessoalmente para discutir isso, se o procurador não conseguir me colocar num manicômio”, declarou o ex-parlamentar.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma estar em tratativas com autoridades judiciais e da PF para encaminhamento de Jefferson a um hospital psiquiátrico e para viabilizar a apreensão das armas de fogo dele. Roberto Jefferson chamou o ato da PGR de “pérola”.
O ex-deputado federal teve sua prisão domiciliar revogada por Moraes após descumprir condições da detenção, como a proibição de fazer postagens na internet. No sábado (22), Jefferson publicou um vídeo, pelas redes sociais de sua filha, no qual proferiu ofensas a ministra do STF, Carmen Lúcia, e chegou a compará-la a uma “prostituta”.
Em seu depoimento na audiência desta segunda-feira, o petebista disse que queria “pedir desculpas às prostitutas" por compará-las à magistrada no vídeo divulgado na semana passada.
“Quero pedir desculpas às prostitutas pela má comparação, porque o papel dela foi muito pior, porque ela fez muito pior, com objetivos ideológicos, políticos. As outras fazem por necessidade”, disse o ex-deputado.
Nenhum dos magistrados citados no depoimento de Roberto Jefferson quiseram se manifestar sobre os comentários do ex-parlamentar.
Foto destaque: Roberto Jefferson. Reprodução/ValterCampanato/Agência Brasil