Carla Zambelli foi condenada a dez anos de prisão por crime comum, conforme comprovação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público, além do entendimento unânime do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a decisão, ela teria ordenado e patrocinado a invasão de sistemas do Judiciário, promovendo ataques a autoridades e disseminando falsas ordens nas redes sociais.
Além de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e emitir documentos falsificados, Zambelli teria emitido um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Foi ele quem solicitou a inclusão do nome da parlamentar na lista de procurados da Interpol.
Carla Zambelli confirma saída do país
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) confirmou que deixou o Brasil, embora não tenha revelado o país onde está atualmente. Segundo ela, a saída foi motivada pela busca de tratamento médico. Em entrevista concedida nesta terça-feira (3), a parlamentar também informou que pretende solicitar afastamento do mandato para se dedicar à recuperação.
Zambelli mencionou que a decisão está amparada pela Constituição, destacando que outros parlamentares já fizeram uso desse direito para se ausentarem temporariamente do cargo por motivos de saúde.
Reportagem sobre a saída de Carla Zambelli do país (Vídeo: reprodução/YouTube/@redetvt)
Recusas da Interpol
A cúpula da Polícia Federal avalia que as negativas recentes da Interpol em incluir investigados pela tentativa de golpe de Estado, ocorrida em 8 de janeiro de 2023, não devem servir como parâmetro para o caso da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
De acordo com integrantes da corporação, a situação da parlamentar será analisada de forma independente pela Interpol, uma vez que envolve acusações de crime comum, e não político. Para a PF, o processo contra Zambelli tem características próprias e não pode ser enquadrado como um crime de opinião, como tem ocorrido em outras solicitações negadas pelo órgão internacional.
A expectativa da polícia é de que a gravidade das ações atribuídas à deputada — como invasão de sistemas do Judiciário e emissão de documentos falsos — favoreça o acolhimento do pedido de inclusão na lista vermelha da Interpol.
Valdecy Urquiza se apresenta como chefe da Interpol (foto:reprodução/Instagram/@interpol_sg)
Interpol é chefiada por brasileiro pela primeira vez
Valdecy Urquiza foi nomeado secretário-geral da Interpol em novembro de 2024, durante a gestão de Andrei Passos Rodrigues na direção-geral da Polícia Federal. Pela primeira vez na história, um delegado da Polícia Federal brasileira ocupa o mais alto cargo da organização internacional, e esse fator pode influenciar na análise do pedido de inclusão da deputada Carla Zambelli na lista de procurados da Interpol.
Foto destaque: Carla Zambelli (Reprodução/EvaristoSA/GettyImagesEmbed)